![Os irmãos João Pedro, de 9 anos, e Francisco, de 5, ficarão na loja de armarinhos da mãe durante o recesso, onde podem fazer trabalhos artísticos | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/2011/06/7cebc13cee2903daecc863cd681f5751-full.jpg)
O mês de julho está chegando e, com ele, as férias escolares. Para os pais nem sempre é fácil entreter a garotada que ficará pelo menos 15 dias fora da sala de aula. Independentemente de onde as crianças ficarão e do que farão, a palavra de ordem é descansar. Nada de colocar a criançada para estudar ou recuperar conteúdo, ou até mesmo em aulas particulares ou cursos intensivos. Segundo especialistas, para o bom aproveitamento pedagógico do segundo semestre é fundamental repor as energias e praticar atividades de lazer que fujam da rotina.Educadores e psicólogos compartilham duas orientações básicas sobre o que toda criança deve fazer no período de férias: conhecer novas brincadeiras e ficar perto da família. No primeiro caso, é importante que a pessoa que for tomar conta dela proponha atividades diferentes, além daquilo que ela conhece "Há muitas coisas que podem ser feitas em casa. É preciso lembrar também que uma certa bagunça deve ser tolerada, para que ela fique mais à vontade e libere a criatividade", sugere a psicóloga e professora de pós-graduação de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Lídia Weber.
Embora o estudo seja desaconselhado, as brincadeiras podem e devem estimular que a criança coloque em prática conteúdos escolares, como a leitura e informações históricas, mas sempre de forma lúdica. Algumas opções são visitas a livrarias, gibitecas, sebos e locais que tenham contadores de história. Tirar alguns dias para levar o filho a esses lugares não só ajuda a reforçar o hábito de ler como sedimenta conhecimentos de português, como ortografia e gramática.
Museus e monumentos históricos são boas opções de passeio, seja em um local onde a criança esteja passando as férias ou na própria cidade em que mora. A intenção é unir a diversão ao conhecimento, para que perceba que o que aprende na escola pode ir além da sala de aula. "Muitos pais viajam e se esquecem de explicar aos filhos onde estão e o significado do que estão vendo. A criança volta para a escola e nem sabe contar aos coleguinhas onde esteve. Isso é péssimo, pois a família perde uma grande chance de proporcionar uma forma leve e gostosa de aprendizado", explica a gestora do ensino fundamental do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss.
Ela afirma ainda que é interessante estimular os alunos a fazerem anotações, independentemente da atividade. Na escola em que trabalha as crianças recebem um diário de férias e, quando voltam, têm de mostrar aos professores e aos colegas. "É a forma que usamos para exercitar a escrita, mesmo que eles não percebam a atividade desta forma."
Fique por perto
Outro fator importante é a presença da família. A orientação é que os pais fiquem mais perto da criança de alguma forma. "Dar mais atenção do que o normal é o ideal, pois é isso que a criança espera, que eles participem das suas férias. Então, se pai e mãe trabalham durante a semana, quando estiverem com ela que façam algo fora da rotina, para que exista aquela sensação de férias", orienta a coordenadora da educação infantil e do ensino fundamental I do Colégio Bom Jesus, Isabel Cristina Marcocin.
A empresária Bianca Lamego segue a orientação. Ela tem uma loja de armarinhos e férias nesta época estão fora de seus planos. Para ficar mais perto dos filhos menores, João Pedro e Francisco, leva os dois para o trabalho. E quem pensa que lá eles ficam entediados está enganado."Especialmente em julho ofertamos oficinas de artesanato como tricô, tear e pintura. Eles não só participam como também ajudam os outros alunos, pois sabem fazer muitas coisas. É o jeito que encontrei para não deixá-los apenas em casa."
É importante manter uma rotina
Apesar do clima de sossego, mesmo nas férias é fundamental manter uma rotina. Não é preciso seguir os mesmos horários do período de aulas, mas deixar a criança sem regras, fazendo e comendo tudo o que quiser e quando quiser, pode atrapalhar a volta às aulas.
A gestora do ensino fundamental do Colégio Positivo, Maria Fernanda Suss, sugere que os pais deem mais liberdade, como permitir que o filho acorde um pouco mais tarde, mas com limite. "Se a família não toma as rédeas, o filho sozinho não vai saber se controlar. Até para brincar e se divertir as crianças precisam de regras."
Portanto, nada de horas e horas em frente ao videogame, televisão e computador. O aconselhável é no máximo duas horas por dia, divididas entre as três atividades. As guloseimas também requerem controle. Elas podem fazer parte da diversão, mas, como em excesso fazem mal e provocam obesidade, nada de deixar os pacotes de bolachas e salgadinhos à vontade.
A rotina, porém, não deve servir apenas para controlar. Ela também é ótima aliada na hora de brincar. Como é muito comum as crianças ficarem entediadas, os pais podem sentar com elas à noite e montar um cronograma de brincadeiras. A sugestão é fazer uma lista com atividades que elas possam fazer sozinhas ou com amigos e parentes, desde assistir a um filme e anotar as partes de que mais gostou até montar um acampamento na sala de casa.