O acúmulo de numerosas e diferentes tarefas, ainda que inevitável, não pode fazer o diretor perder de vista o fim último da instituição que dirige: a educação dos alunos. Por isso, para facilitar o equilíbrio entre a atenção necessária à qualidade do ensino e o cumprimento das obrigações administrativas, algumas escolas criam estruturas diferenciadas.
Gerson Luís Carassai é diretor-geral do Colégio Marista Santa Maria, um dos maiores de Curitiba, e, embora seja o responsável tanto pela gestão como pelo aprendizado dos alunos, conta com um gerente administrativo e um diretor educacional que o auxiliam nas especificidades de cada função. A boa posição no colégio no último ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgado pelo Ministério da Educação, que mostrou o Santa Maria como o mais bem colocado entre as instituições particulares do Paraná, parece fortalecer a tese de que compartilhar responsabilidades é uma forma eficiente de alcançar bons resultados.
Segundo Carassai, a própria capacitação para ocupar o cargo se deve às oportunidades que essa divisão oferece. "A estrutura do colégio me permitiu uma formação mais gradativa, pois quando fui diretor educacional eu já era próximo da rotina da direção geral. Assim a transição foi tranquila", conta. Professor de Matemática durante dezoito anos, Carassai preocupou-se em unir na vida acadêmica o essencial para ser diretor, especializando-se em Educação e fazendo mestrado em Administração. Ele deixa a dica para quem pretende chegar ao cargo. "Todo profissional de educação deve organizar sua carreira de maneira estratégica. É melhor capacitar-se desde cedo, para estar pronto quando a oportunidade surgir", recomenda.
Resultados
A preparação gradual também ajudou Viviane de Fátima Estegues, diretora da Escola Municipal Presidente Pedrosa, no bairro do Portão, que ganhou destaque em 2010 depois de alcançar a maior nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), entre todas as 179 escolas municipais avaliadas. Viviane assumiu como vice-diretora em 2001, quando a escola, que era estadual, passava pelo processo de municipalização. "Acompanhei de perto todo o processo e aprendi muito com a antiga diretora", conta Viviane, que comemora o reconhecimento obtido no ano em que a escola celebra cem anos de fundação.
O sucesso da gestão compartilhada, porém, não está somente na parceria entre os membros da estrutura hierárquica da escola. Maria Ivonete Favarim Vendrametto, diretora da Escola Estadual Dom Orione, no Santa Quitéria, já ganhou prêmios da iniciativa privada, da Câmara Muncipal e cobertura da mídia nacional pelos programas que criou, mas insiste em dividir o mérito com as famílias que vivem ao redor da escola. "Eu tenho reunião toda semana com professores, alunos e pais, para tratar de projetos, infraestrutura ou segurança. A comunidade é muito participativa", diz. A extensa equipe de colaboradores de Ivonete conta com um aluno, um professor e um pai responsável pela turma. As sugestões e observações detalhadas de cada uma dessas equipes são a base para se atender as expectativas dos principais públicos que convivem na escola.