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Se você ainda não ouviu falar em “economia feminista”, se prepare, porque economistas de esquerda, organizações políticas e grupos ativistas estão promovendo esse conceito como o próximo campo de batalha dos direitos das mulheres.

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Porque condenar cantadas e “masculinidade tóxica” em termos culturais não são suficiente, elas agora têm como alvo políticas de governo e instituições que consideram opressivas e discriminatórias contra mulheres. 

Para deixar a partida mais equilibrada, economistas feministas estão pedindo uma grande expansão de benefícios governamentais, desde creches públicas universais até planos de saúde públicos que cobrem aborto, anticoncepcionais, esterilização, fertilização e barrigas de aluguel. 

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O que é ‘Economia Feminista’? 

Para entender “economia feminista” é necessário entender o que os sujeitos do lado esquerdo chamam de “economia de misoginia”. 

A economia da misoginia descreve “como essas crenças anti-mulheres estão profundamente arraigadas em teoria econômica e em políticas de modo que desvalorizam a contribuição das mulheres e limitam as capacidades e oportunidades para as mulheres”, explica Kate Bahn em um artigo para a organização de esquerda Center for American Progress. “Apesar do papel central das mulheres na economia ao longo da história, nossas políticas econômicas e instituições governamentais constantemente tratam as necessidades e capacidades diversas das mulheres como algo menos importante do que os ‘problemas reais’ da ‘economia real’”. 

O tópico foi discutido extensivamente em um evento do Center for American Progress, “The Economics of Misogyny” (“A Economia da Misoginia”, em tradução livre), no mês passado. Pesquisadores e economistas de algumas faculdades e universidades de elite de todo o país se reuniram para painéis de discussões sobre “A Intersecção da Família e do Mercado de Trabalho” e “A Economia da Autonomia Sobre o Corpo”. 

Um dos objetivos por trás da economia feminista é colocar valor monetário como custo de um trabalho que as mulheres tradicionalmente fazem de graça, como cuidar de crianças, idosos e doentes. Ao ignorar o valor monetário desse trabalho, segundo elas, as próprias mulheres são desvalorizadas e colocadas em desvantagem. 

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Como isso está acontecendo e o que pode ser feito 

Discriminação contra mulheres no mercado de trabalho tem um longo histórico, explica Nina Banks, professora associada de economia na Universidade Buknell em Lewisburg, Pensilvânia. E central a isso está o conceito de interseccionalidade – a ideia de que categorias como raça, classe, imigração e gênero estão todas conectadas. Uma mulher negra, por exemplo, está em maior desvantagem do que uma mulher branca. 

Interseccionalidade explica a “grande narrativa acerca de trabalho que define as experiências no mercado de trabalho de mulheres brancas, mulheres brancas miscigenadas, mulheres casadas”, diz. “Há uma predisposição em se voltar para mulheres brancas quando analisamos essas experiências. Isso é um problema.” 

Com base nessa ideia, Michelle Holder, professora assistente de economia na John Jay College da Universidade da Cidade de Nova York, sugeriu que as políticas do governo que incentivam casamento deveriam ser abolidas, porque a comunidade negra tem índices de casamento consideravelmente menores do que dos americanos brancos. (De acordo com um estudo sobre padrões de casamento realizado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, mulheres negras, quando comparadas a mulheres brancas e hispânicas, “se casam mais tarde, têm menor probabilidade de sequer se casarem e têm maiores índices de instabilidade matrimonial”.) 

“A maioria das mulheres negras americanas não fazem parte de um casal, então eu acredito que é problemático privilegiar casais, sejam eles do mesmo sexo ou de sexos diferentes”, diz Holder. “Acredito que precisamos redefinir o trabalho não remunerado nesses tipos diferentes de estruturas familiares.” 

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Conservadores, de modo geral, discordam e há muito tempo apoiam políticas do governo que incentivam – ou “privilegiam” – casamento, pois casais que contraem matrimônio antes de ter filhos têm chances muito maiores de conquistar sucesso financeiro. 

As palestrantes não queriam apenas eliminar políticas que incentivam casamento, no entanto. Elas também propuseram subsidiar “trabalho de cuidados”; ou seja, em vez de trabalhar com o seu marido, esposa ou comunidade para criar as crianças e tomar conta de membros da família idosos e doentes, o estado faria isso por você. 

“Quando mulheres desempenham trabalho de cuidados sem remuneração, isso cria dificuldades específicas para mulheres na economia”, disse Randy Albelda, professora de economia na Universidade de Massachusetts em Boston e diretora da College of Liberal Arts. 

Para tratar dessa “discriminação e segregação ocupacional”, Albelda propôs ajudar as famílias “oferecendo trabalho de cuidados por meios coletivos, como a maioria dos países fazem”. Por exemplo, ela disse: 

Educação e cuidados universais, que eu acredito que provavelmente seria a política mais importante para todas as mulheres, principalmente mulheres de baixa renda deste país (...) é meio que algo óbvio (...). Se os economistas realmente estivessem preocupados com eficiência (...) eles estariam se dedicando a isso imediatamente, porque é um grande desperdício de muitas coisas. Isso aumenta o índice de pobreza. Reduz a participação das mulheres no mercado de trabalho. Cria mais desigualdade. Cuidados e educação infantil são parte dos maiores propulsores de desigualdade nos Estados Unidos. 

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Judith Warner, associada sênior no Center for American Progress, propôs a ideia de que as horas que uma mãe ocupa cuidando dos seus filhos ou da sua família poderiam contar “nos pagamentos de Previdência Social no futuro”. 

“Isso faz todo sentido. Não é apenas um valor simbólico; é uma produção real”, respondeu Joyce Jacobson, professora de economia na Universidade Wesleyan em Middletown, Connecticut. “Nós costumávamos falar sobre greves de trabalhadoras domésticas – que na verdade seriam perdidos grandes volumes de produção se (...) as pessoas simplesmente se recusassem a cuidar dos seus filhos, se recusassem a cuidar dos seus pais doentes, se recusassem a fazer serviços domésticos. Isso seria um caos. Isso não é apenas simbólico.” 

“Nós podemos estimar quantidades reais de dólares que seriam perdidos em produtividade, e eu acredito que isso, novamente, é algo que economistas poderiam ajudar indicando que há métodos para fazer esses cálculos.” 

‘A Economia da Autonomia Sobre o Corpo’ 

Não é apenas trabalho de cuidados que economistas feministas buscam monetizar. Elas argumentam que “autonomia sobre o corpo” também desempenha um papel crucial na capacidade das mulheres se envolverem efetivamente na economia. 

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“Regulamentações específicas para provedores de abortos, períodos de espera obrigatórios, limitações a abortos tardios, todas essas coisas estão acontecendo em um número muito maior de estados”, diz Adriana Kugler, professora na McCourt School of Public Policy da Universidade Georgetown. “E, na verdade, nós encontramos oportunidades de mercado e oportunidades econômicas muito limitadas para mulheres.” 

Até que o governo ofereça planos de saúde públicos universais que ofereçam acesso irrestrito a abortos, anticoncepcionais, esterilização, fertilidade e barriga de aluguel, as mulheres nunca serão realmente iguais, segundo ela. 

Conservadores – e mulheres conservadoras, especificamente – dizem que a própria indústria do aborto prejudica os direitos das mulheres. 

“A indústria do aborto não está interessada em regulamentações para as clínicas de aborto que são criadas para proteger a saúde e segurança das mulheres, ou exigências de consentimento informado que incluem informações científicas precisas sobre os riscos e alternativas ao aborto”, diz Melanie Israel, pesquisadora associada na The Heritage Foundation focada na questão da vida. “E a indústria do aborto certamente não está interessada em um sistema de saúde que empodera as mulheres para obterem um plano que, ao mesmo tempo, atende às suas necessidades e reflete os seus valores morais e religiosos.” 

Além disso, diz Israel, “dizer às mulheres que o caminho para o sucesso exige destruir a vida dentro delas apresenta uma falsa ‘escolha’”. 

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A verdade é que garantir que tanto a mãe quanto o bebê possam ter sucesso não é uma questão de escolha. É por isso que em todo o país, a comunidade a favor da vida e os centros de recursos para gravidez que garantem a vida se esforçam tanto para oferecer serviços a mulheres, educação, suprimentos, aconselhamento e opções compassivas a mulheres que passam por uma gravidez difícil. 

Outra área que em que a economia se relaciona à autonomia sobre o corpo, segundo as palestrantes, é o debate nacional sobre pessoas transgênero e banheiros públicos. 

Lee Badgett, professora de economia na Universidade de Massachusetts em Amherst, citou a chamada “lei do banheiro” na Carolina do Norte, que determina que as pessoas usem banheiros e vestiários em escolas, universidades públicas e outros prédios do governo com base no gênero registrado nas suas certidões de nascimento, como um exemplo do governo regulando a autonomia sobre o corpo. 

Essas regulamentações, segundo ela, podem prejudicar as mulheres – e todas as pessoas, aliás. 

“Houve um êxodo de negócios que estavam considerando investir em Charlotte e em outras áreas da Carolina do Norte (...) então quem é mais prejudicado? Na verdade foi provavelmente (...) pessoas heterossexuais. São elas que teriam a maioria desses empregos, e não terão mais. Então eu acredito que de certo modo (...) todos nós temos incentivos para uma sociedade mais inclusiva para todos.” 

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Uma “sociedade inclusiva”, de acordo com grupos de esquerda como o Center for American Progress, se configuram como um governo que exige que a sociedade use certos pronomes, ensine ideologia transgênero para as crianças, e abra banheiros públicos para as pessoas com base na sua identidade de gênero. Mas se banheiros simpatizantes a transgêneros fizessem sentido economicamente, pode-se acreditar que não haveria necessidade de uma lei obrigando os negócios – públicos ou privados – a adotarem essas políticas. 

Na Carolina do Norte, entretanto, não foi apenas o governo que se envolveu. Grandes negócios e grupos de interesse se posicionaram, tentando usar a sua influência e poder econômico para impor os seus valores de esquerda por meio de bullying e boicotes. 

Ryan T. Anderson, associado sênior na Heritage Foundation e autor do livro “When Harry Became Sally: Responding to the Transgender Moment” (“Quando Harry se Transformou em Sally: Respondendo ao Momento Transgênero”, em tradução livre), diz que esse “amiguismo cultural padrão” coloca em risco o bem comum.

Em artigo, a professora Thais Azevedo - que foi hostilizada por grupos feministas em universidade federal - diz que o movimento “é desonesto desde sua origem”

Publicado por Gazeta do Povo em Terça-feira, 8 de agosto de 2017
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O futuro da ‘Economia Feminista’ 

O papel da “economia feminista” nas nossas discussões políticas ainda é recente. E com Democratas alegando que a proposta de licença familiar de Ivanka Trump não é suficiente, isso provavelmente continuará. Como o Center for American Progress diz: “Economia feminista oferece um ponto inicial para desenvolver um entendimento maior de como as vidas variadas e necessidades complexas das mulheres interagem com a economia.” 

No seu cerne está a ideia: Mulheres estão melhores com o governo como nossos maridos, pais, cuidadores e árbitros morais. Qualquer coisa menos do que isso é discriminação contra mulheres. 

*Kelsey Harkness é produtora sênior no The Daily Signal.

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Publicado original no The Daily SignalTradução: Andressa Muniz