Com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa a partir de janeiro de 2009 as editoras terão de adequar gradativamente suas publicações às novas regras. Do início do ano que vem até 31 de dezembro de 2012 se estenderá um período de transição, enquanto valerão tanto as normas atuais quanto as novas. Contudo os dicionários servem como base para outras publicações e devem se adiantar em lançar novas versões.
No Paraná, a Editora Positivo é a responsável pelo dicionário Aurélio e aproveitou para lançar uma edição atualizada durante a 20.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, informou Emerson Santos, diretor geral da editora. "O grande desafio é atender de maneira adequada a transição da atual para nova ortografia". De acordo com Santos a empresa não terá problemas com encalhe das versões antigas, pois como as novas regras já eram esperadas a editora estava trabalhando com baixos níveis de estoques em todas as suas publicações.
Outra preocupação é com os livros utilizados nas escolas. De acordo com o calendário definido pelo Ministério da Educação, as editoras que vendem material para o Programa Nacional do Livro Didático devem adequar as versões para o ano de 2010. De acordo com Aureo Gomes Monteiro Júnior, diretor geral da Editora Aymará, especializada nesse tipo de publicação, os livros publicados pela editora estarão adequados e disponíveis para os alunos já no próximo ano letivo. "Para isso estamos desenvolvendo também cursos e oficinas de formação para os professores que vão utilizar esse material", disse Júnior. Ele informou que os livros antigos serão aproveitados como material de amostragem para divulgação.
Para os vestibulandos
Como em 2009 se inicia o período de transição do acordo e até mesmo os livros didáticos mudarão obrigatoriamente suas versões somente a partir de 2010, os vestibulandos não precisam se preocupar ainda com a nova grafia, é o que explica a professora Ascención Jimenez, coordenadora acadêmica do Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Muito mais importante do que se preocupar com as novas regras ortográficas, o candidato deve se preocupar em dominar bem os elementos do texto, como concordância, coesão, sintaxe, e estar de acordo com o tema proposto", afirma a professora. "Na redação serão aceitas as duas formas de ortografia, a antiga e a nova", complementa. A princípio nem mesmo a elaboração da prova do vestibular seguirá as novas regras.
Mudanças
O novo acordo ortográfico altera 0,43% dos verbetes brasileiros. Confira as principais alterações: Alfabeto passa a ter 26 letras, incorporando K, W e Y; O trema deixa de existir, permanecendo somente em nomes próprios; Cai o acento agudo em ditongos abertos "ei" e "oi" (como idéia e jibóia), e nas palavras paroxítonas com "i" e "u" tônicos, precedidos de ditongo (como feiúra); Palavras com duplo "o" (como vôo) e conjugação verbal com duplo "e" (como vêem) não levam mais acento circunflexo; O acento deixa de existir para diferenciar palavras como pára (verbo) e para (preposição); O hífen deixa de existir em palavras compostas, em que o segundo elemento começa com "r" ou "s" (como anti-rábico, que passa a ser antirrábico). Mantém-se apenas quando o primeiro elemento terminar também em "r", como "inter-racial".