As eleições para diretores das escolas estaduais , realizadas nesta quinta-feira (3) das 8 às 22 horas, encerram um ano atípico para a educação paranaense. Foram duas greves e embates com o governo do estado por salários, previdência e, mais recentemente, contra o fechamento de turmas. Frescos na memória, os conflitos permearam as votações realizadas em 2,1 mil instituições de ensino.
O principal saldo é a mobilização. No Colégio Victor do Amaral, no bairro Hauer, em Curitiba, os alunos participaram de passeatas durante a greve e o grêmio estudantil organizou um “abraço coletivo na escola” quando ela foi incluída em uma lista de unidades que poderiam ser fechadas pelo governo do estado. Três chapas se inscreveram, feito inédito. O quórum de 35% dos votantes foi atingido antes das 13h desta quinta.
“Muitos pais que não participavam passaram a participar. Os alunos também se interessam mais”, conta a professora Nilza Zanon, do Colégio Jayme Canet, no bairro Xaxim, também em Curitiba. Ela conta que a escola recebeu muitos pais preocupados com o fato de que os filhos iriam perder conteúdo, após o fim da greve. E que estes passaram a participar mais da vida escolar.
Priscila Firme da Silva tem três filhos na escola, e confirma que o colégio “está sempre aberto” para conversas. Para embasar o voto, participou de uma assembleia feita pelos candidatos com a comunidade e debateu as propostas com os filhos.
Os novos diretores têm o desafio de colocar a casa em ordem, com ações no âmbito pedagógico e administrativo. Mas paira no ar o medo de que 2016 seja um novo ano de conflitos. “Não dá para ficar tranquilo, vai ser ainda pior, eu tenho medo que em janeiro volte essa história de fechar escolas”, comenta o professor Gilberto Sanabe, do colégio Santo Agostinho, no Boqueirão.
Os núcleos regionais de educação devem receber os resultados nesta sexta (4), para referendá-los. Escolas que não atingiram o quórum de comparecimento terão 15 dias para realizar novo pleito.