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"Pressão ao MEC"

Em favor de vestibular para transgêneros, alunos ocupam e depredam universidade

Incomodados, estudantes contra a ocupação se organizam em repúdio ao DCE. (Foto: Reprodução)

Desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL), através do Ministério da Educação (MEC), decidiu anular um edital de vestibular da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) para candidatos transgêneros e intersexuais, estudantes têm ocupado diferentes setores da instituição e "comprometido drasticamente atividades administrativas e acadêmicas" no Campus da Liberdade, em Redenção, no Ceará.

Em nota publicada nesta segunda-feira (5), a universidade relatou o agravamento da situação no campus e repudiou os "atos violentos e a intransigência" demonstrada pelos alunos, que não aceitam a decisão do MEC e não cedem a um acordo.

Na última semana, os manifestantes invadiram a sala da Procuradoria Federal junto à Unilab e expulsaram o procurador federal do gabinete. Outras ocorrências como "furto de bens pessoais de servidores", "danos ao patrimônio público federal: paredes pichadas e cadeiras quebradas" e "invasão de reunião em sala de uso administrativo interno" foram registradas pela instituição.

A universidade chegou a criar um Grupo de Trabalho (GT) para analisar o parecer que pede a suspensão do edital e propor, com o consenso dos estudantes, um novo documento. Os alunos, no entanto, não demonstraram "disposição para diálogo".

"A gestão da Unilab realizou 8 reuniões com membros do movimento, demonstrando disposição para dialogar sobre as pautas, buscando construir soluções", afirma a reitoria em nota. "No entanto, nenhum acordo já exposto nas notas anteriores foi cumprido pelos manifestantes".

A Unilab disse ainda que os estudantes responderam ao pedido de diálogo de forma "intransigente e autoritária", ampliando o movimento de ocupação e impedindo o funcionamento dos trabalhos na universidade.

"Nós convocamos os estudantes para reuniões, mas eles não atenderam", disse Marco David Castro da Silva, coordenador da assessoria de comunicação da Unilab, à Gazeta do Povo. "Uma vez que tem o parecer da procuradoria dizendo que [o edital] não está adequado, a gente vai ter que encontrar outro meio, não adianta insistir".

Nem todos os estudantes são favoráveis à ocupação, coordenada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Segundo Castro da Silva, houve uma assembleia, há alguns dias, para decidir se o movimento continuaria, mas "a reunião terminou em confusão". "Outros núcleos de estudantes estão se organizando contra o próprio DCE", disse.

Entenda o caso

No dia 9 de julho, a Unilab lançou um edital de vestibular específico para candidatos transgêneros e intersexuais. Seriam oferecidas 120 vagas em 15 cursos apenas para esse grupo de pessoas.

Na semana seguinte, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou mensagem no Twitter afirmando que a universidade deveria suspender o edital. "Com intervenção do MEC, a reitoria se posicionou pela suspensão imediata do edital e sua anulação a posteriori", disse ele na época.

Ao mesmo tempo, a instituição, ocupada pelos manifestantes, tentava convencer os alunos para a elaboração de um novo documento que estivesse de acordo com as orientações do MEC e que atendesse ao pedido dos estudantes.

Até o momento, no entanto, não há consenso entre a reitoria e os estudantes. As atividades na universidade seguem paralisadas.

*Parecer que anula o edital:

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