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educação sexual

Em vídeo, Damares diz que, na Holanda, pais são ensinados a masturbar bebês. Isso é verdade?

 | Fabio Rodrigues PozzebomAgência Brasil
(Foto: Fabio Rodrigues PozzebomAgência Brasil)

Voltou a circular nas redes sociais um vídeo, publicado no Youtube em 2013, em que Damares Alves, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos fala sobre um ‘grupo de especialistas’, que teria começado na Holanda, e que instrui os pais a “masturbar os bebês a partir dos sete meses de idade”. O vídeo teria sido gravado em uma igreja evangélica em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, durante uma preleção de Damares. 

A fala da ministra sobre a Holanda é precedida por um slide com o título “O que acontece no Brasil”, que cita uma matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo e diz: “... a prefeitura de São Paulo [no mandato de Marta Suplicy, do PT) contratou o Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS), por R$ 2 milhões de reais para ensinar professores de creches sobre ereção de bebês e masturbação...”. Logo depois, ela cita o caso da Holanda.

Além de ter sido amplamente criticada nas redes sociais, Damares foi repreendida por jornais holandeses. Um deles, o Telegraaf, publicou: “Ministra Damares conta fábulas sexuais sobre a Holanda”.

Afinal, tudo o que Damares Alves falou é mentira? O que, de fato, acontece nas escolas da Holanda? E nas da Alemanha?

Ministra se confundiu e disse ‘Holanda’ em vez de ‘Alemanha’

À Gazeta do Povo, a assessoria de imprensa da ministra disse que, no episódio, Damares se confundiu e falou ‘Holanda’ em vez de ‘Alemanha’. Ela ainda teria publicado um vídeo pedindo desculpas pelo ocorrido, mas a reportagem não conseguiu encontrar o arquivo.

Na Holanda, crianças começam a ter aulas de educação sexual no jardim de infância

A educação sexual nas escolas da Holanda é, por lei, parte obrigatória do currículo, e é aplicada nas séries primárias e secundárias. Crianças de 4 anos já começam a ter aulas sobre o assunto e existe uma semana específica para a discussão do tema, chamada de “Spring Fever”. O grupo por trás da educação sexual nas escolas da Holanda é o instituto Rutger WPF, que defende em seu site, entre outras bandeiras, o direito de LGBTQs “desfrutarem de uma vida sexual saudável”.

Tópicos ensinados

Os ensinamentos incluem tópicos como identidade de gênero, homossexualidade, opções contraceptivas e auto-imagem - obrigatoriamente. 

Segundo o PBS news Hour, “o desenvolvimento sexual é um processo normal que todos os jovens experimentam e têm o direito de obter informações confiáveis e honestas sobre o assunto”. No site, há relatos de que, durante algumas lições iniciais que enfocam a consciência corporal, crianças desenharam, por exemplo, os corpos dos meninos e meninas e contaram histórias sobre os amigos tomarem banho juntos.

Outro episódio relatado pelo PBS é um em que a professora de uma classe de alunos que têm, em média, 11 anos, apresenta uma série de situações hipotéticas: “você está beijando alguém e o seu parceiro começa a usar a língua de uma forma que você não quer”, “uma menina começa a dançar perto de um cara, em uma festa, fazendo com que ele tenha uma ereção”, “seu amigo está exibindo fotos pornográficas que fazem você se sentir desconfortável”.

O movimento alemão de 1968 e os jogos de ‘tirar a roupa’

Alemães que não permitem que filhos assistam a aulas de educação sexual podem ser presos

Atualmente, a educação sexual nas escolas alemãs é obrigatória, por lei, nas séries primárias e secundárias dos 16 estados. O Centro Federal para a Educação de Saúde da Alemanha (BZgA), fundado em 2003, é o órgão responsável por implementar as diretrizes. 

No início dos anos 2000, a BZgA editou e distribui uma cartilha em escolas chamada “Körper, Liebe, Doktorspiele” (“Corpo, Amor, Brincadeira de Médico:  um guia para os pais sobre o desenvolvimento sexual da criança”, na tradução livre). Os materiais acabaram sendo recolhidos, em 2007, após queixa de pais à promotoria da cidade de Colônia, de que seu conteúdo poderia fomentar o abuso de crianças.

“É apenas um sinal de desenvolvimento saudável da sua criança quando ela tem a possibilidade de se dar satisfação ou prazer”; “quando meninas com menos de três anos pegam objetos para ajudar nessa satisfação, não se deve impedir”; “vagina e acima de tudo o clitóris recebem praticamente nenhuma atenção em forma de carinho (nem por pai nem por mãe) e isso faz com que para as meninas seja difícil desenvolver orgulho de suas partes genitais” seriam frases do livro, de acordo com a revista Spiegel Online.

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