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Embora Bolsonaro tenha negado, educador diz que foi, sim, convidado para Ministério da Educação

“O que me deixou mais triste em todo esse processo, foi quando o próprio (presidente Jair) Bolsonaro disse que o convite foi fake news”, diz Ramos | Naideron JR
“O que me deixou mais triste em todo esse processo, foi quando o próprio (presidente Jair) Bolsonaro disse que o convite foi fake news”, diz Ramos (Foto: Naideron JR)

"Não fui cogitado (para ser ministro da Educação). Fui convidado, mesmo. O que me deixou mais triste em todo esse processo, foi quando o próprio (presidente Jair) Bolsonaro disse que o convite foi fake news."  

Quem revela o descontentamento é Mozart Neves Ramos, 63. Ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-secretário da Educação do estado, Mozart, que atualmente é diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, é um dos profissionais mais respeitados do setor. 

No dia 21 de novembro, no entanto, o próprio Instituto Ayrton Senna publicou nota dizendo que Ramos não havia sido convidado para assumir a pasta no governo:

“Diferentemente do que vem sendo publicado na imprensa, Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, não foi convidado pelo novo governo para assumir o Ministério da Educação. Amanhã pela manhã (22), Mozart participará de mais uma reunião técnica em Brasília, agora com o presidente eleito Jair Bolsonaro, para dar continuidade à reunião feita com Onyx Lorenzoni na semana passada, na qual foram apresentados um diagnóstico e caminhos de melhoria para a educação brasileira, preparados pelo Instituto Ayrton Senna”.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele falou sobre o "desconvite" em novembro. Disse que continua militando na área e o caso, que o deixou tenso, ficou para trás. "A bancada evangélica tinha um outro candidato para o MEC, que era vinculado ao ensino superior privado. Acho que, nesse sentido, o Bolsonaro tomou a decisão certa enquanto gestor, buscando um terceiro", afirmou Mozart. Ele ainda diagnosticou os principais desafios educacionais do país daqui para frente e não fugiu de polêmicas, como o Escola sem Partido.  

Escola sem partido  

M: Na prática, cada escola é muito a cara do seu diretor e de seus professores. Não podemos deixar de reconhecer que há escolas com posicionamento político diferente do governo. A pergunta é: isso é a larga maioria? Para mim, não. Não podemos fazer de exceções e de casos - seja de escolas ou professores - uma regra para que agora fiquemos em um amplo debate com a sociedade daquilo que não é maioria ou o mais importante.  

Ideologia de gênero  

O Brasil é um país muito diversificado. Eu acho que devemos respeitar os ritos e valores de cada pessoa. Eu não posso querer que uma pessoa pense igual a mim. Eu acho que tem uma complexidade, que os livros didáticos, por exemplo, não podem ter algum tipo de homofobia. Cabe à escola, de alguma maneira, contribuir para o processo de uma convivência sadia, de respeito mútuo.

Escolas militares  

Você não vai resolver o problema de educação no país colocando todas as escolas públicas como militares. Primeiro, porque seria impossível do ponto de vista de custo; segundo, do ponto de vista de gestão; terceiro, por causa dos processos seletivos.

Paulo Freire  

Excluir Paulo Freire é simplesmente não ter uma visão sistêmica de mundo e não compreender que a beleza se encontra na diversidade e, principalmente, na capacidade de ter até mesmo uma visão oposta para uma escolha.  

Vélez Rodríguez  

Não conhecia o novo ministro (com quem se encontrou na semana passada). E milito na gestão da educação desde 1990. Ninguém conhecia.

Sobre o estado atual da educação  

Devemos focar em cinco grandes eixos desafiadores para avançar a educação no país, tanto do ponto de vista da qualidade como da equidade. O primeiro é o desafio da alfabetização das nossas crianças na idade certa, aos 7 anos. O segundo eixo, a formação dos professores, a valorização da carreira do magistério. O terceiro é a questão da gestão de recursos: somente colocar mais dinheiro sem cobrar dos gestores dados mais eficientes e mais proficientes não vai resolver.

Depois, o Brasil precisa fazer um esforço para o aumento de qualidade em termos de aprendizagem, de eficiência - para que um número maior de crianças chegue ao fim do ensino médio -, e ao mesmo tempo reduzir a desigualdade. E o quinto eixo é trabalhar mais por território, e não por município. Trabalhar nas regiões, principalmente naquelas mais desfavorecidas do ponto de vista sócio econômico, como Norte e Nordeste.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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