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No ensino médio dos colégios Sesi, 60% das atividades são desenvolvidas em grupos formados por alunos de séries diferentes | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
No ensino médio dos colégios Sesi, 60% das atividades são desenvolvidas em grupos formados por alunos de séries diferentes| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Nas mãos do educador

Saiba que posturas podem ser adotadas por professores para estimular valores empreendedores nos alunos:

- Treinar o aluno a esperar a vez de falar, sem interromper o colega.

- Exigir que os alunos arquem com suas responsabilidades.

- Dar palavras de incentivo, mostrando as qualidades do aluno.

- Mostrar realidades diferentes, que nem todos são iguais.

- Não permitir que se faça fofoca ou cometam injúrias dentro de sala de aula.

- Criar um clima de diálogo.

- Escutar o que os alunos têm a dizer e valorizar as suas opiniões.

- Estar aberto a pedir e aceitar desculpas sinceras.

- Escutar as dificuldades dos alunos sem se obrigar a sempre lhes dar respostas ou aliviar seu sofrimento.

- Não aceitar impunemente a destruição de um patrimônio.

- Compreender que o aluno tem de ser livre para fazer escolhas.

- Decidir claramente as regras da classe e mantê-las.

Fonte: Leo Fraiman.

Primeiro passo

A atitude inicial para transformar uma escola convencional em empreendedora é capacitar e sensibilizar os professores. A opinião é do psicólogo Leo Fraiman, que, em seu livro O Jovem: como orientá-lo para construir seu projeto de vida, elenca quais devem ser as atitudes do professor empreendedor em sala de aula. Para ele, o professor que trabalha essa competência em seus alunos percebe o quanto o seu papel como educador é transformador. "Ele passa a ver mais soluções que problemas e, com o aluno, que ele está formando, acaba ocorrendo o mesmo processo."

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O empreendedorismo não é uma competência que "surge" em jovens apenas no ensino superior. Essa característica tem grandes chances de ser despertada em crianças e adolescentes ainda na escola, a partir de dinâmicas e metodologias que estimulem os alunos a desenvolver outras aptidões. Nesse processo, o trabalho em equipe mostra-se um aliado importante.

Com foco no desenvolvimento conjunto e no compartilhamento de conhecimentos, a sala de aula convencional – com carteiras enfileiradas e alunos focados no professor – foi substituída por mesas redondas ocupadas por estudantes de séries diferentes que trabalham em grupo. Essa é a realidade da maioria das aulas do ensino médio na rede de colégios Sesi, formada por 45 unidades e cerca de 13 mil alunos no Paraná. Uma metodologia diferenciada que serve de exemplo a outros modelos de ensino e já foi premiada em âmbito nacional e internacional.

O método busca estimular a autonomia, o trabalho em equipe, o respeito mútuo, o ensino através da pesquisa, a aprendizagem pelo desafio, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. A cada trimestre, os estudantes são desafiados para, unidos, solucionarem um problema. Assim, o empreendedorismo ganha um papel importante como um dos eixos norteadores do método.

No ensino médio dos colégios Sesi, todas as turmas são interseriadas e 60% das atividades são feitas em grupos. As tarefas são fundamentadas em um conceito de educação participativa que busca desenvolver as competências relacionais dos jovens. "Mais do que ensinar, é preciso desenvolver o aluno integralmente, ajudá-lo a construir o seu próprio conhecimento e prepará-lo para as diversas situações que ele enfrentará na vida", acredita Lilian Correia Luitz, gerente de Operações Inovadoras dos colégios Sesi.

O método participativo adotado pela rede Sesi foi exposto como um caso de sucesso na edição 2012 da Educar Educador, uma das maiores feiras de educação, ocorrida neste mês em São Paulo. "Cada um [aluno] tem que dar o seu melhor, com base em atitudes éticas e de valorização com o outro. A sociedade de hoje carece de seres aptos para atuar de modo inovador, ético, com respeito e comprometimento", defende Lilian.

Coletividade

Na unidade CIC do Co­légio Sesi, em Curitiba, a coordenadora Marcia Ro­drigues Gonçalves diz que os alunos são sempre voltados a pensar no coletivo e a respeitar a opinião do outro. Aluna do 1.º ano do ensino médio, Juliana Chadai, 14 anos, destaca que o autoconhecimento é mais do que necessário nesta etapa da vida. "Estou aprendendo a lidar com pessoas de diferentes personalidades. A cada oficina que participo, passo a me conhecer melhor. Tenho certeza de que, quando eu terminar o ensino médio, saberei exatamente que profissão seguir."

Com a aspiração de se tornar um líder, Nathan Polidoro, 16 anos, aluno do 2.º ano, reforça a importância de respeitar a opinião dos outros. "Para ser um líder, primeiro temos que respeitar o outro. É tudo uma questão de ética. Se faltar o respeito entre o grupo, comprometerá a aprendizagem e o crescimento de todos", acredita.

Jovens devem ter um projeto de vida

Dúvidas existenciais que norteiam a vida de jovens e adultos – como as clássicas "Quem sou eu?" e "Como posso lidar com minhas emoções e fazer escolhas mais coerentes?" – costumam ser respondidas com mais segurança por pessoas que, ao longo da sua vida escolar, participaram de atividades com foco no desenvolvimento de capacidades para lidar com frustrações, autocontrole, empatia, flexibilidade, autoconhecimento e autoestima.

O psicólogo Leo Fraiman, especia­lista em Psicologia da Educação e criador da metodologia Opee (Orien­­tação Profissional, Em­­pregabilidade e Em­­preen­dedorismo) defende que a escola pode ajudar a criança a entender que ela precisa sonhar e ter um projeto de vida. E isso, alerta ele, não é focar apenas no preparo do aluno para o mercado de trabalho. "Empreendedorismo na educação é também desenvolver no aluno atitudes empreendedoras que ele adotará ao longo de sua vida, priorizando a criação de laços sociais, capacidade de se comunicar e negociar", acredita. Para Fraiman, a escola até "ontem" estava muito focada no currículo. "O aluno não vê sentido nisso", destaca.

Para o psicólogo, um indivíduo empreendedor em tudo o que faz é mais feliz, tem mais saúde, dorme em paz, tem mais amigos e tem um profundo respeito pela vida. "Ele leva consigo uma espiritualidade ao tomar consciência que o lugar dele no mundo faz a diferença."

Quando começar

O desenvolvimento de habilidades e competências deve ser inserido em atividades escolares desde o primeiro ano escolar, segundo a educadora Regina Shudo. "Não há um momento específico e sim uma oferta sistemática de atividades, dinâmicas de grupos, jogos cooperativos, leituras e outras atividades que vão construindo conexões sobre as quais se formarão as competências empreendedoras."

Para a secretária de Edu­­cação de Campo Largo, Lu­­ciane Lunardon Quilló, não é necessário criar uma disciplina de empreendedorismo nas escolas. "Desde a educação infantil, a postura do professor com atitudes de respeito, ética e comprometimento com a aprendizagem despertará no aluno o gosto pelo conhecimento", diz. Para ela, uma escola que desenvolve uma atitude empreendedora é percebida já na entrada da instituição, quando o aluno chega e recebe um "bom dia" carinhoso do porteiro.

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