Cerca de 30% dos cursos de ensino superior avaliados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2012 apresentaram resultado insatisfatório, com notas 1 e 2 (de um teto de 5). O Enade é um teste do governo federal que serve para avaliar redes de ensino, públicas e privadas. A edição de 2012 avaliou 7.228 cursos de 1.646 instituições de ensino superior participaram 536 mil estudantes concluintes, do penúltimo e último semestre de seus respectivos cursos. A cada três anos, o Ministério da Educação (MEC) aplica o Enade para um conjunto de cursos. Em 2012 foram dez de bacharelado e seis que conferem diploma de tecnólogo.
"Conseguimos que quase todos os estudantes que estão sendo avaliados participassem da prova, o que é muito importante para os seus respectivos cursos. O sistema avançou em direção à qualidade, mais instituições, de forma expressiva, na nota 5, na nota 4, e na nota 3. Ainda temos uma parcela de cerca de 30%, principalmente faculdade isoladas, com nota insuficiente. Vamos ser rigorosos na exigência de qualidade", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Em 2009, ano em que o mesmo grupo de cursos foi avaliado, o porcentual de cursos com desempenho abaixo da média (notas 1 e 2) foi de 24,9%. Para o ministro, no entanto, o aumento na quantidade de cursos com desempenho insatisfatório deve-se à diminuição na quantidade de cursos sem conceito avaliados pelo Enade: em 2009, 26,6% dos cursos avaliados não apresentaram uma nota final, em virtude da não formação de turmas ou boicote dos estudantes. A quantidade de cursos sem conceito diminuiu para 1,8% na edição de 2012.
Os cursos que tiraram nota 1 e 2 poderão ter seus vestibulares suspensos, observou o ministro. O desempenho global dos estudantes no Enade (a prova e o questionário respondido pelos alunos) tem um peso da ordem de 70% na avaliação final no Conceito Preliminar de Curso (CPC), que é um indicador prévio da situação dos cursos de graduação no país. O MEC pretende divulgar em novembro o CPC dos cursos que participaram do Enade 2012. O Conceito Preliminar de Curso é composto por diferentes variáveis, como a qualidade de infraestrutura, recursos didático-pedagógicos, corpo docente e o próprio Enade.
A quantidade de cursos com conceito 5 (nota máxima) no Enade aumentou de 1,0% para 5,4%, entre 2009 e 2012. No mesmo intervalo, os cursos com conceito 4 saltaram de 9,7% para 19% e os cursos com conceito 3, de 37,8% para 43,9%.
Desempenho132 cursos do Paraná ficam com nota baixa; dois são da UFPR
Jônatas Dias Lima
Dez cursos de instituições de ensino superior do Paraná tiraram a nota mínima no Enade 2012, segundo o Ministério da Educação (MEC). Outras 122 graduações do estado ganharam nota 2 e seis ficaram "sem conceito" devido ao baixo número de alunos inscritos. Ao todo, 539 cursos paranaenses foram avaliados. Desses, 27 tiraram nota 5. Entre as graduações com nota 1 chama a atenção a presença de dois cursos tradicionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR): Direito e Publicidade Propaganda. Mas a pontuação negativa não é reflexo de má qualidade, mas sim de engajamento político dos estudantes. "É boicote. Nossos alunos boicotam o Enade em todas as edições. Muitos entregam a prova completamente em branco", explica o professor Luiz Fernando Lopes, coordenador da Pós-Graduação em Direito da UFPR, dizendo que já esperava a nota baixa. A recusa em participar do exame, segundo o docente, se deve à tendência ideológica predominante entre os alunos, que são contrários a qualquer tipo de sistema avaliativo e usam o boicote como forma de protesto contra a suposta precarização da educação. Quanto às possíveis consequências das notas baixas, como o cancelamento do vestibular, Lopes afirma que o MEC está ciente desse tipo de manifestação e tende a relativizar os resultados. "Eles sabem que não somos um problema", diz. Em tese, após uma sequência de três notas baixas o MEC faz uma visita para avaliar as instituições com desempenho ruim.