Rotina de estudos e domínio do conteúdo não os únicos mecanismos dos estudantes que vão fazer provas como o Enem 2016: o domínio da ansiedade também é um ponto fundamental nesse processo de preparação, que evita situações como o famoso “branco” na hora do exame.
Pesquisas da área de psicologia apontam para uma relação direta entre bom desempenho e controle emocional – uma delas, feita em 2014 pelo MindGroup, comunidade internacional de cooperação na educação, mostra que o maior número de erros em uma prova de matemática aconteceu justamente nos momentos em que alunos ficaram mais nervosos.
O estudo, feito com 3 mil estudantes do Ensino Fundamental e Médio, mostrou que os ansiosos tiveram um desempenho 23% menor do que os demais, além de dificuldades para trabalhar em equipe.
Nessa reta final de preparação para o Enem, portanto, é essencial focar em métodos que ajudem no controle emocional. Para isso, a palavra-chave que deve orientar os participantes é autoconhecimento. “A primeira coisa é você reconhecer a ansiedade e assumir que ela está acontecendo. Esse passo é importante principalmente para reconhecer o que ela faz com você”, ressalta Anita Abed, psicóloga e psicopedagoga do Mind Lab. Comportamentos como roer unhas, comer demais, respiração ofegante e agitação são alguns dos sintomas da ansiedade, de acordo com a especialista.
O sentimento é natural e não tem relação direta com saber ou não o conteúdo da prova, já que mesmo quem estudou tende a ficar ansioso. “É comum, inclusive, que os alunos mais preparados sejam os mais nervosos para fazer a prova”, lembra Geraldo Sobrinho, professor de Biologia do Colégio Bom Jesus.
Depois de reconhecer o problema, a etapa seguinte é buscar maneiras para controlar ou reduzir as consequências – métodos simples se tornam grandes ferramentas, como beber água, chás (de ervas como camomila e erva-doce) e suco de maracujá. Giselle Diamante, psicóloga e orientadora profissional do programa Bom Aluno e da clínica Espaço Hummani, acredita que o mais importante para quem está ansioso é focar no que está fazendo no momento. “Se está comendo, você deve se concentrar apenas nisso. Se está estudando, a mesma coisa. Isso vai tornar seus atos mais conscientes, o que ajuda a diminuir a ansiedade”, aconselha.
Melhorar a respiração é outra dica de Giselle. Ela ensina a técnica: “É bem simples: você deve inspirar por um período mais longo, segurar um pouco o ar e, no fim, soltar também por um período mais longo”. Anita orienta que, nesse momento, o estudante pense em uma tela em branco e tente “visualizar as respostas”.
Outros cuidados
As dicas de respiração das psicólogas são válidas tanto para o momento da prova, nos dias 5 e 6 de novembro, como nesses últimos dias que antecedem o teste. Para essa última semana, Giselle recomenda diminuir o ritmo de estudos e cuidar do corpo. “Preste atenção no sono, na alimentação, evitar usar tecnologia antes de dormir e controle bem a respiração. Isso vai fazer com que você chegue com muita energia nos dois dias do Enem”.
Durante a prova, lembra Anita, outras atitudes além da respiração podem auxiliar. “Para quem gosta de doce, um chocolate pode ajudar a aliviar a tensão, pois o açúcar age direto na liberação de alguns hormônios. Eu também não abriria mão da fé, seja ela no que for, inclusive no próprio conhecimento”.
O professor Geraldo alerta para outro cuidado: ao abrir o caderno de provas, aguarde alguns minutos antes de começar. “Nessa hora, o estudante recebe uma carga imensa de adrenalina e isso dá um branco. É normal do sistema nervoso. Se esperar um pouco, a adrenalina abaixa naturalmente e você faz uma prova com o emocional mais controlado”.
Por fim, as psicólogas recomendam focar no pensamento positivo - criar imagens positivas na cabeça e acreditar que fez a sua parte durante o ano é uma motivação que pode, sim, fazer a diferença no resultado final.