Realizar o desejo de estudar em uma universidade longe de casa exigia do estudante no mínimo uma ida até o local para prestar vestibular, o que não gerava só custos financeiros, mas também demandava muito tempo. Com a adesão de grande parte das instituições públicas do país ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), quem pretende se mudar para estudar pode garantir uma vaga em outra cidade ou estado com a pontuação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na última edição de 2016, o Sisu disponibilizou mais de 55 mil vagas em 65 instituições do país. Para concorrer, os candidatos precisam ter feito o Enem do ano anterior, portanto,só poderá se inscrever em 2017 quem fizer as provas nos dias 5 e 6 de novembro.
Os motivos para optar por outra cidade variam: vão desde vontade de morar em outra região do país até o sonho de estudar em cursos oferecidos por poucas instituições.
A curitibana Whitley Kaarsbaan, por exemplo, sempre sonhou em ser arqueóloga, mas a graduação não é oferecida no Paraná. Como mudar de sonho não era uma opção, a estudante, ex-aluna do Cursinho Solidário, de Curitiba, optou por estudar na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“Sem o Sisu, provavelmente eu não conseguiria alcançar isso, ou alcançaria com um pouco mais de dificuldades, pois teria que viajar para fazer provas em outros estados. Isso geraria diversas outras complicações, como a questão financeira”, diz.
Jamilly Lima também escolheu viver longe de casa e, para isso, o Sisu foi ainda mais decisivo. Após uma visita a Curitiba, a cearense ficou encantada pela cidade. Aproveitou a nota do Enem e por aqui ficou – com a pontuação, conseguiu uma vaga no curso de Letras na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e mora na capital paranaense desde o início do ano.
“Sem o Sisu, eu não teria ficado. Já estudava na Universidade Federal do Ceará, mas me apaixonei por Curitiba. Por coincidência, estava aqui durante o período de inscrição do Sisu, e isso acabou por definir a minha escolha”, conta.
As duas estudantes garantem que o sistema é simples e gera pouca dor de cabeça, já que o Sisu é apenas um meio de seleção. A parte “burocrática” do processo todo vem logo depois, com a matrícula, coordenada por cada instituição. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem, alerta que o candidato selecionado deve conferir o prazo para matrícula no cronograma do Sisu e verificar junto à instituição de ensino em que foi aprovado os locais, horários e procedimentos necessários.
A dica das estudantes segue essa mesma linha: “no meu caso, a documentação foi bem simples, o prazo, porém, bem reduzido. Tive que ‘correr’ um pouco”, conta Jamilly. A dica de Whitley é deixar os documentos básicos separados antes mesmo de ser selecionado. “Se deixasse para a última hora, com certeza teria problemas”, salienta.
Pontuação
As notas de corte variam de acordo com o curso pretendido, mas, para concorrer a uma vaga, o participante não poderá zerar a redação. De acordo com o Inep, cada instituição pode atribuir pesos diferentes para as quatro provas do exame. Nessas situações, o próprio sistema fará esse cálculo.
O Sisu realiza duas etapas de seleção por ano, uma em cada semestre. O próximo processo seletivo deve ocorrer já no início de 2017. Quem não for selecionado na chamada regular ainda pode se inscrever para uma lista de espera da primeira opção de curso que fez durante a inscrição.