Mais de 190 mil inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 em todo o Brasil não farão as provas marcadas para os próximos dias 5 e 6 de novembro. Inscritos em locais onde há protesto de estudantes, as 191.494 pessoas afetadas farão a prova apenas nos dias 3 e 4 de dezembro, quase um mês depois da primeira aplicação do teste.
Do total de afetados pelos protestos, 41.168 são do Paraná, o estado em que há o maior número de ocupações de escolas em todo o Brasil. No total, de acordo com o Inep, há 304 instituições de ensino ocupadas no país e que eram originalmente locais de prova; 74 somente no Paraná. O segundo estado com o maior número de ocupações em locais de prova é Minas Gerais, com 59. Naquele Estado, contudo, o número de inscritos no Enem que foram afetados pelos protestos é ainda maior: 42.671.
O anúncio da “segunda chamada” do Enem foi feito nesta terça-feira (1.º) pela presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Maria Inês Fini, um dia após o término do prazo dado pelo Ministério da Educação para os alunos encerrarem o movimento – até 31 de outubro. Como nem todos os locais de provas foram desocupados pelos estudantes, o Inep resolveu adiar a aplicação do Enem especificamente para o grupo afetado pelos protestos.
O Inep explicou que mesmo que as escolas sejam desocupadas agora não há mais tempo hábil para incluir nomes no exame do próximo fim de semana. Se eventualmente outros locais forem ocupados até o próximo dia 5, os novos prejudicados serão incluídos entre os nomes que já estão na lista de dezembro, explicou o Inep.
A prova de dezembro vai preservar o mesmo formato (número de questões, por exemplo) e, segundo a presidente do Inep, “terá um conteúdo equivalente ao da primeira prova”. Os inscritos que ficaram para dezembro seriam avisados ainda na terça-feira (01) sobre a mudança, por mensagem de celular.
“Cor Partidária”
Durante entrevista à imprensa, ao ser questionada sobre qual sua visão em relação ao conteúdo dos protestos, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, endossou a versão do governo do Paraná, na qual movimentos organizados e partidos políticos estimulariam as manifestações. “Há uma cor partidária. Nós recebemos folhetos que mostravam partidos políticos garantindo alimentos para os alunos”, disse ela.
Apesar da declaração da presidente do Inep, ela acrescenta que não há como identificar responsáveis pelas ocupações e que o custo extra da segunda prova – R$ 90 reais por inscrito – será assumido pelo Ministério da Educação. “Eu adoraria cobrar [o dinheiro] dos verdadeiros responsáveis pelo movimento, mas é impossível”, afirmou ela.
Estudantes negam vínculo com partidos políticos e têm dito que suas duas principais bandeiras são contra a Medida Provisória que reforma o Ensino Médio e contra a “PEC do teto dos gastos públicos”, em trâmite no Senado.
Custos
Em relação ao custo da mudança, o MEC, que havia cogitado repassar o gasto do adiamento aos responsáveis pelas ocupações, voltou atrás e informou que o governo federal deverá arcar com a alteração. O Enem custa para o governo R$ 90 para os estudantes isentos de taxa de inscrição e R$ 72 para aqueles que pagaram. O custo de cada prova adiada deverá ser de cerca de 70% desse total, uma vez que neste final de semana o MEC deixará de gastar com fiscais de prova e outras despesas.