Questões longas e interpretativas e relação entre diferentes áreas do conhecimento sempre foram a marca do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No ano passado, porém, professores e especialistas notaram uma prova mais “conteudista” e técnica, considerada uma das mais difíceis até então. Essa mesma situação deve se repetir na edição de 2016, que acontece nos dias 5 e 6 de novembro.
“O nível de dificuldade deve se manter, com o mesmo tipo de cobrança de questão, inclusive com as mesmas estruturas de enunciados”, aposta Bruno Kober, professor de Língua Portuguesa do Colégio Bom Jesus.
De maneira geral, mesmo com a mudança, professores consideram o Enem uma das provas mais importantes do país. “Ela consegue avaliar o que se propõe, traz variedade de conteúdos e diferentes tipologias de questões”, salienta Bruno.
Sobre essa nova cara do exame, o professor de Biologia da rede social acadêmica Passei Direto, Guilherme Nascimento, crê que a mudança para um conteúdo mais técnico é positivo, pois torna o preparo dos estudantes ainda mais necessário. “A prova fica com questões bem desenvolvidas e com temas bons de se trabalhar”.
Guilherme também vê uma evolução dos conteúdos cobrados para este ano. “Antes de 2015, a prova de Biologia trazia questões de ecologia em sua maioria. Na edição passada, temas mais amplos como evolução, biotecnologia e imunização e questões sobre insulina estavam no teste. E esse padrão abrangente será mantido”.
Ainda em Biologia, o professor do Colégio Bom Jesus, Geraldo Sobrinho, acredita que o Enem 2016 deve trazer perguntas sobre problemas ambientais e saúde pública – segundo ele, sem dúvida assuntos como dengue, zika e malária estarão na prova. “O aluno precisa ficar atento aos dados sobre essas doenças”.
Conjuntura
Uma dica para se preparar para a nova tônica do Enem é ficar atento ao contexto em que os conteúdos podem aparecer. Os grandes eventos esportivos que o Brasil recebeu neste ano, como a Olimpíadas e Paralimpíadas podem gerar questões de todas as áreas de conhecimento, inclusive como tema de redação. Já desastres ambientais, como o ocorrido na cidade de Mariana, em Minas Gerais, são um prato cheio para questões de Química e Biologia.
Boa parte da carga interpretativa da prova deve estar nas questões de Linguagens e Ciências Humanas. Espera-se do participante que ele interprete textos verbais e não-verbais, além de relacionar conceitos de diferentes disciplinas como História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Assuntos como teoria do conhecimento, ética e política, por exemplo, são recorrentes e, portanto, boas apostas para a edição de 2016.