Em uma transmissão ao vivo realizada em sua página no Facebook, o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, afirmou na noite de ontem (12) que os estudantes do Paraná não farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) caso as ocupações nas escolas e a greve dos professores estaduais sejam mantidas. No vídeo, que tem cerca de 2 mil visualizações, Rossoni diz que a informação teria sido repassada pelo Inep, instituto responsável pela aplicação do exame, à Secretaria de Estado de Educação (Seed).
Procurado pela reportagem, o Inep reafirmou, em nota, que a realização do Enem para os quase 420 mil inscritos no estado está confirmada para os dias 5 e 6 de novembro, de acordo com o calendário oficial do exame.
Segundo o governo do estado, a aplicação das provas poderia ser prejudicada nas escolas ocupadas ou que viessem a ser fechadas em decorrência da greve dos professores, marcada para a próxima segunda-feira (17).
“Nossa técnica que atende o Enem recebeu um telefonema do Inep na terça-feira (11) perguntando sobre como estavam as ocupações no Paraná. É uma preocupação do Inep e nossa porque temos que informar ao instituto as condições dos prédios [que receberão a prova] até o dia 20 [de outubro]. Se as escolas estiverem ocupadas por alunos ou fechadas pelos professores, o Inep irá tirá-las da listagem de realização do Enem, o que irá prejudicar os alunos [que prestariam o exame nessas instituições]”, explica a secretária de Educação, Ana Seres.
A secretária acrescenta que, caso as ocupações continuem crescendo, há risco de o exame não ser aplicado em nenhuma escola do estado. O Inep, por sua vez, garante por meio da nota que, caso alguma escola onde será realizado o exame esteja ocupada nos dias das provas, tomará as medidas necessárias para que nenhum inscrito no Enem seja prejudicado.
Pressão
Desmentida pelo Inep, a fala do chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, soa como mais uma tentativa do governo do Estado de conter o movimento de ocupação realizado pelos estudantes e a greve dos professores estaduais. Isso porque, caso fosse confirmada pelo instituto, a possibilidade da não realização do Enem poderia fazer com que ambas perdessem força dentro da comunidade escolar.
“Acho que os estudantes têm o direito e muitas formas de se manifestar. O que eles não podem é obstruir a possibilidade de termos aula, o que traz prejuízos para os que não querem participar das ocupações e não querem entrar em greve”, aponta Rossoni.