As matrículas nas instituições de ensino superior privado em 2014 superaram expectativas, em especial na modalidade de ensino a distância (EAD), conforme apontam os dados do Censo da Educação Superior 2014, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No ensino presencial, os números também ficaram mais elevados do que o estimado pelo setor, mas, nesse caso, as perspectivas pela frente são menos positivas após as mudanças do programa de financiamento do governo, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Na graduação a distância, o Censo contabilizou 1,2 milhão de matrículas apenas nas instituições privadas em 2014, aumento de 20,36% na comparação com 2013. Estes são os dados mais atualizados para o setor e foram divulgados na última sexta-feira (4). Considerando também as universidades públicas, o EAD chegou a 1,3 milhão de alunos, aumento de 16,32% ante 2013
O ritmo de crescimento no ensino a distância no setor privado surpreendeu os analistas do Bradesco Luis Azevedo, Tales Freire e Caio Yamate. O resultado ficou 12% mais alto do que a estimativa do banco.
Essa alta fez com que o crescimento do setor privado de ensino como um todo superasse o projetado pela consultoria especializada Hoper Educação. Em abril, a consultoria havia estimado um ritmo de expansão de 2,5% nas matrículas do ensino superior privado em 2014 e o resultado do Censo foi uma expansão de 9,19%, com as matrículas atingindo 5,8 milhões de alunos no setor inteiro.
“Ficamos encorajados pelo fato de que a educação a distância ainda têm claramente um amplo potencial de crescimento”, avaliaram os analistas do Bradesco. Eles lembram que o mercado está vivenciando um aumento no número de empresas de ensino que ofertam cursos a distância após o Ministério da Educação ter concedido aprovações para essas operações. O fato de isso aumentar a concorrência sobre empresas de capital aberto como a Kroton e a Estácio, porém, é minimizado pela constatação de que o segmento cresce acima das estimativas.
Diferentemente do ensino presencial, o EAD não é afetado pelas mudanças que restringiram a oferta do Fies a partir de 2015. Isso porque financiamento nunca foi ofertado na graduação a distância.
O ritmo de crescimento do EAD em 2014 foi o maior em cinco anos. Depois de uma forte aceleração nos anos entre 2007 e 2009, o ensino a distância vinha desacelerando e chegou a registrar crescimento de 7,2% nas matrículas em 2013.