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O coronel André Germer e alunos do Colégio Militar: professores e infraestrutura fazem a diferença | Antônio  Costa/Gazeta do Povo
O coronel André Germer e alunos do Colégio Militar: professores e infraestrutura fazem a diferença| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

O que é Ideb?

É uma avaliação do governo federal para medir desempenho que ocorre a cada dois anos desde 2005. O cálculo é feito com base na taxa de aprovação de um ano para outro, medida pelo Censo Escolar, mais a média das notas dos alunos nas avaliações nacionais: Prova Brasil ( para ensino fundamental) e Saeb (para ensino médio).

Curitiba

Colégio Militar tem o melhor desempenho nos anos finais do fundamental

Mesmo com queda no desempenho, o Colégio Militar de Curitiba, que é federal, ficou em primeiro lugar no ranking do Paraná nos anos finais do ensino fundamental e em 8º lugar no Brasil, além do excelente desempenho no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O segredo do sucesso está no planejamento pedagógico e envolvimento dos pais nas atividades escolares.

Para o diretor, coronel André Germer, além de professores excelentes, estimulados a dar continuidade à própria educação, e de uma infraestrutura boa, há um trabalho de apoio ao ensino eficiente, que auxilia o professor na preparação de avaliações e também trabalha com o planejamento escolar para os anos seguintes com bastante antecedência. "Essa estrutura proporciona o sucesso, porque não fica centrada somente no professor. Ele está na linha de frente, mas tem muito apoio de bastidor", explica.

Se de um lado a qualidade pedagógica colaborou para o bom resultado, a falta dela fez o Colégio Estadual Elzeário Pitz, em Araucária, ter o pior desempenho no Ideb no Paraná. A escola funciona no prédio de uma instituição municipal e atende alunos apenas no período noturno. Segundo o diretor José Carlos Rosa, muitos estudantes abandonam as aulas para trabalhar. Ele também conta que a escola, criada em 2006 para receber os alunos que não tinham transporte escolar para seguir até outro estabelecimento no centro da cidade, sofreu com a falta de um quadro funcional fixo. "Desde março deste ano conseguimos um quadro de funcionários fixos e as coisas estão começando a se estabilizar. Com as pessoas conhecendo a comunidade, será mais fácil planejar nosso trabalho", afirma.

As notas de escolas particulares e do ensino médio, sejam públicas ou privadas, não foram divulgadas pelo Ministério da Educação. (AS)

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A qualidade do ensino médio piorou em dez unidades da federação, incluindo o Paraná, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). A leitura dos dados mostra um desafio insistente no ensino brasileiro: a situação tem melhorado no início da educação básica, mas vai piorando com o passar dos anos e dos ciclos.

O próprio Paraná é um exemplo disso. Segundo dados do Ideb, a nota do ensino médio caiu de 4,2 em 2009 para 4,0 em 2011, o que fez o estado descer de 1.º para 3.º lugar no ranking dessa etapa do ensino. Já nos anos finais do fundamental (6.º ao 9.º ano) a nota se manteve em 4,3, enquanto nos anos iniciais (1.º ao 5.º ano) cresceu de 5,4 para 5,6. Com esse desempenho, o Paraná desceu de 4.º para 6.º lugar na lista dos últimos anos do ensino fundamental e permaneceu em 4.º nos primeiros anos.

Mesmo assim, a rede paranaense atingiu as metas definidas para 2011 em todas as etapas e as notas do estado continuam sendo bastante altas se comparadas ao resto do país.

Curitiba, embora não tenha o Ideb mais elevado do estado, ainda é, pela quarta vez consecutiva, a capital com maior nota nos anos iniciais do ensino fundamental, ao lado de Belo Horizonte, que ocupa essa posição pela primeira vez. No país, a nota nacional do Ideb nos anos iniciais teve o maior avanço e chegou a 5,0 – todas as unidades da federação atingiram a meta (4,6). Já nos anos finais do fundamental, sete estados ficaram abaixo da meta (4,0).

Desafio

Apesar da meta nacional do ensino médio, de 3,7, ter sido atingida, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, admitiu que o fraco desempenho dessa etapa do ensino no Ideb é "um imenso desafio". Segundo ele, os problemas são conhecidos e o governo se prepara para enfrentá-los. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a rede estadual é responsável por 97% das matrículas do ensino médio na rede pública, o que torna a questão uma responsabilidade dos governos locais.

Para a superintendente de educação da Secretaria de Educação do Paraná (Seed), Meroujy Giacomassi Cavet, a queda no ranking do Ideb se deve a problemas estruturais que as escolas públicas enfrentaram em 2011, como a infraestrutura precária e a rotatividade de docentes. Outro fator foi o aumento do índice de reprovação no ensino fundamental – que entra no cálculo do índice – que foi de 12% em 2009 para 15%, o que puxou a nota para baixo mesmo que o desempenho em Português e Matemática tenha aumentado.

Já no ensino médio, a nota nessas disciplinas caiu, aliada às altas taxas de evasão e reprovação, que historicamente são mais altas nessa etapa. "Houve uma opção da secretaria em reduzir a carga horária do ensino médio e isso refletiu diretamente no desempenho dos alunos", explica Meroujy. Segundo ela a secretaria começou em 2012 a implementar medidas para reverter esses números, como abertura de concurso público para professores e uma avaliação própria para medir qualidade de desempenho de alunos e professores para diagnosticar as falhas.

Cai a diferença entre públicas e privadas

Diferentemente do Paraná, que manteve a mesma distância entre as notas das redes pública e privada, nas demais regiões do país essa diferença está menor. As escolas públicas cresceram mais do que as particulares e superaram, em todas as etapas da educação, a meta prevista para o ano passado. Algumas até atingiram as de 2013.

Embora a diferença das notas entre as duas redes ainda seja grande, 4,7 para a pública contra 6,5 para a privada nos primeiros anos do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano), as particulares cresceram pouco desde a primeira edição da prova ou não atingiram a meta em algumas regiões, enquanto as públicas avançaram mais, como no Nordeste e no Sudeste, onde chegaram a dobrar o desempenho.

Para o doutor em educação, especialista em políticas públicas educacionais e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ângelo Souza, a estagnação da rede particular e o crescimento da pública se deve à taxa de reprovação e de evasão, que entram no cálculo da nota final do índice. Como nas privadas essas taxas são praticamente nulas, a variação depende apenas da nota da prova. "A lógica do Ideb é facilitar o crescimento inicial, faz parte da estatística. Como as particulares só dependem de um indicador para variar o rendimento, é normal que o aumento seja lento, diferente das públicas que ainda têm de superar reprovação e evasão."

Ele explica que é muito mais difícil melhorar a aprendizagem do que reduzir o abandono escolar. Por isso o maior aumento proporcional das públicas, mesmo tendo desempenho inferior, é mais fácil de atingir.

Dificuldades

Por causa das altas taxas de evasão e reprovação, os índices do ensino médio ainda são bem mais baixos que os do ensino fundamental. Uma das causas é a dificuldade de manter os alunos em sala, considerando que boa parte estuda à noite, além de haver grande número de matérias. "O rendimento é comprometido porque muitos deles trabalham e, com tantas disciplinas, eles ficam desestimulados", diz o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

Colaborou Fernanda Trisotto

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