Um grupo de professores fez um protesto inusitado em uma escola da rede pública estadual, em Macapá, no Amapá. Cansados de verem o colégio ser vítima de recorrentes furtos, os educadores montaram uma faixa em frente ao prédio com o seguinte recado: “Sr. ladrão, após sua décima visita, informamos que não restou mais nada para você levar de nossa escola”.
O caso ocorreu na escola Antônio João, uma das principais instituições públicas de ensino do bairro Santa Rita, na Zona Sul de Macapá. A instituição atende alunos do ensino fundamental e foi alvo de ação criminosa dez vezes em 2017.
Por telefone, um professor disse à Gazeta do Povo que a faixa foi colocada em razão da proximidade do fim de semana com feriado. Ele preferiu não se identificar por medo de represália.
“Os fins de semana são os dias que mais ficamos com temor de sermos vítimas de bandidos porque, como a escola não tem vigilante, o prédio fica sem segurança por pelo menos dois dias. Com o feriadão, será um tempo ainda maior. Temos medo de chegarmos na segunda-feira e ver mais utensílios furtados”, relatou.
O teor da frase exposta na faixa tem relação com a própria realidade que os furtos deixaram o colégio, segundo o professor, que dá aula para alunos do sétimo ano do ensino fundamental.
“Já levaram desde bens valiosos, como computadores, centrais de ar e televisores. Até itens que não têm muito valor financeiro, como botijão de gás e comida. No último furto, instrumentos musicais de um projeto social realizado na escola foram levados”, completou.
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) do Amapá diz que, para inibir a ação de suspeitos contra a escola, um sistema de monitoramento de segurança será instalado nas dependências do colégio em um prazo de dez dias. A pasta atribuiu parte da responsabilidade pelo patrimônio a própria escola, que teria sido notificada por não trancar os portões.
Escolas sem vigilantes
Desde 5 de agosto de 2016, as escolas públicas do Amapá estão vigilantes. Alegando falta de dinheiro, o governo do estado decidir não renovar o contrato de R$ 60 milhões, o que resultou na ocasião em uma série de furtos em colégios, com mais de um por dia em um período de um mês após o fim da contratação.
Os casos fizeram a Secretaria de Educação recontratar 50 vigilantes por meio de contratos administrativos. A escola Antonio João, entretanto, não foi contemplada por não estar em uma região de vulnerabilidade. Ela e demais instituições passaram a ser atendidas pela Polícia Militar (PM) que incluiu as escolas nas rotas de policiamento ostensivo.
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