O professor Angelo Ricardo de Souza acredita que a criação do cadastro mostra que há uma compreensão incorreta sobre as instituições de ensino. Para ele, a escola particular não é uma empresa que vende produtos de bens de consumo, pelo contrário, oferta um serviço – no caso a educação – que é antes de tudo um direito do cidadão, garantido pela Constituição. "Como um aluno de 8 anos pode ser colocado em uma situação vexatória como esta?", questiona. Ele lembra que o problema está no estado, que não tem cumprido o seu papel, por isso "terceiriza" o direito de acesso à educação, mas esquece de monitorar. "As escolas particulares querem que nós, cidadãos comuns, deixemos abertas as nossas contas. Mas por que elas não mostram as suas, os lucros desses colégios particulares? Muitos pais lutam para ter acesso ao custo real do ensino e saber o porquê do aumento das mensalidades", diz. Souza lembra ainda que é importante ter um estudo mais profundo sobre os resultados da educação de uma escola particular. "Não é apenas avaliar o conhecimento final. E o capital cultural familiar que está por trás disso? Não conta? Arrisco dizer que metade dos resultados deve-se à cultura da própria família."

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O professor tem razão. Pelo menos é o que revela uma pesquisa feita pela Fundação Itaú Social. Ela aponta que 70% do desempenho escolar é resultado do contexto familiar, restando à escola condições de interferir, positiva ou negativamente, apenas nos 30% restantes. O objetivo do trabalho, que será divulgado hoje em São Paulo, foi orientar gestores a definir políticas públicas na área. "Todas as pesquisas analisadas, nacionais e internacionais, mostram que a maior parte do desempenho escolar é explicada pelas características familiares do aluno", diz Fabiana de Felício, responsável pelo estudo e consultora do Ministério da Educação.

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