O mundo tem assistido a um aumento significativo do número de escolas separadas entre meninos e meninas. O crescimento ocorre, principalmente, pelos bons resultados escolares obtidos por alunos dessas escolas nos Estados Unidos e na Inglaterra. No Brasil, a volta da educação diferenciada nos ensinos fundamental e médio ainda é pouco conhecida e vista com cautela em muitos setores apesar de o país já ter 503 instituições do gênero, segundo o Ministério da Educação. Para o educador espanhol Josep Maria Barnils, presidente da Associação Europeia de Educação Diferenciada, a falta de conhecimento do método provoca desinformação e reduz a liberdade de escolha dos pais. Antes de participar de uma conferência sobre o tema em Curitiba, em abril, ele deu uma entrevista para a Gazeta do Povo. Confira os principais trechos da conversa:
O que é a educação diferenciada e por que defender esse método?
Quanto mais uma pessoa sabe, mais é livre. Por isso gostaria de dizer que, em primeiro lugar, a minha principal defesa é que os pais tenham a liberdade de escolher para seus filhos a metodologia de ensino que mais se ajusta às suas perspectivas. A educação diferenciada é aquela na qual meninos e meninas estudam em escolas separadas no período que segue a educação infantil, ou seja, a partir do ensino fundamental até o ensino médio. Pedagogicamente, não existe a necessidade de separá-los antes ou depois, na universidade. O principal motivo da separação nessa idade são os melhores resultados de aprendizagem alcançados nas escolas assim configuradas.
Quantas escolas de educação diferenciada existem no mundo?
Há dois anos entramos em contato com mais de 100 países e 70 nos responderam com números dessas escolas. Só com as respostas recebidas, chegamos ao número de 240 mil escolas, 47 milhões de alunos.
Por que a educação separada por sexo parece ser mais eficaz?
É notório que a evolução dos meninos e das meninas, tanto física como psicologicamente, é totalmente diferente. Um menino de 12 anos continua sendo um menino, enquanto uma menina da mesma idade é praticamente uma mulher. A educação diferenciada, nesse sentido, acerta ao se adaptar aos tempos de cada um dos sexos, ao tratar um menino ou uma menina de acordo com suas características, seu processo de aprendizagem, seu processo evolutivo etc. As meninas na presença dos meninos, por exemplo, tendem a ter notas piores nas áreas de Exatas. Os meninos, por outro lado, sofrem o mesmo processo no âmbito de Humanas. Se a educação é diferenciada, no entanto, tanto elas como eles tendem a ter melhores desempenhos nessas áreas e em todo o processo educativo.
Essa separação não dificulta a convivência com o outro sexo?
De maneira nenhuma. A escola representa, em geral, apenas 25% da vida social de um estudante. Se uma criança ou adolescente pertence a uma família saudável, ele não deixa ter outros ambientes esportivos, sociais etc. , nos quais acaba tendo contato com o outro sexo. A separação, que se restringe apenas na sala de aula, por outro lado, dá mais segurança a meninas e meninos, que acabam se sentindo à vontade em qualquer ambiente social.