A honestidade pode ser estimulada desde cedo – até mesmo na hora do recreio. É assim em uma escola de Curitiba. Nos intervalos da Escola Atuação, os alunos do 6º ao 9º ano compram o lanche sem qualquer supervisão. Basta deixar o dinheiro em uma caixinha, pegar o produto em outra e, se for o caso, retirar o troco. Não há supervisão.
O experimento foi chamado de “Projeto Honestidade”. Segundo a escola, até agora não houve quem pegasse o lanche sem pagar.
“Temos observado há algum tempo a decadência emocional das crianças, com relação ao que vem acontecendo em nosso país. Quando conversamos, elas comentam sobre questões políticas, tudo que está presente no noticiário”, conta a psicopedagoga Esther Cristina Pereira, diretora da instituição.
“Na Europa você passa no supermercado e paga sua própria comida. Não é preciso alguém lhe cobrar. Se lá esse processo deu certo, por que nós, brasileiros, não podemos começar a trabalhar isso?”, questiona a diretora.
A iniciativa agradou as crianças. “Achei interessante esse projeto. Ele demonstra a confiança que a escola tem em nós. É importante porque prova que somos honestos”, conta Francisco Barth, de 11 anos. A colega Lorena Stocco, 12, tem a mesma opinião: “É importante porque, ao mesmo tempo em que nos, dão liberdade, demonstram confiança em nós”.
Reflexo prático
O comportamento ensinado dentro da escola é reproduzido também fora dela. “Já recebi o troco errado e contei para o atendente que estava sobrando”, conta Álvaro Xavier, 11 anos.
O projeto surpreendeu até mesmo os pais. “Fomos pegos de surpresa”, explica Daniele Cristina Machado, mãe de um aluno da instituição. “O engraçado é que, antes costumava dar um valor para meu filho levar para a escola, e hoje ele pede para dar o dinheiro certinho, já que facilita o troco”, completa.
O teste, mesmo que em escala pequena, também ajuda a desfazer estereótipos. “Na concepção do adulto, o adolescente é sapeca, irreverente e gosta de burlar regras. A sociedade tem essa visão errônea. Agora estamos colhendo o resultado do trabalho”, conclui Esther.
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