O Brasil não se classificou bem no Pisa 2018, o exame mundial que avalia, a cada 3 anos, a qualidade da educação em 79 nações, mas separando por tipo de escola não deve nada a países que figuram no topo da lista. O desempenho médio dos estudantes de 12 institutos federais e de um colégio militar que participaram da avaliação é comparável ao de jovens de nações que figuram entre as 20 melhores classificadas no ranking mundial.
Todas as notas dessas escolas estão acima da média dos países integrantes da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne as maiores economias do mundo. Se as notas fossem analisadas separadamente os alunos de escolas federais e militares teriam garantido ao Brasil o melhor resultado entre os países da América do Sul que participaram do Pisa 2018. Além disso, o país teria empatado com a Austrália em leitura e com a Croácia e Portugal em Ciências e Matemática.
Os dados parciais e comparativos foram divulgados na manhã desta terça-feira (03) pelo Ministro da Educação Abraham Weintraub, horas depois da divulgação oficial dos resultados do PISA 2018 pela OCDE. Em entrevista coletiva, o ministro e o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pela organização da prova no Brasil, esclareceram que a lista de escolas é sigilosa por exigência da OCDE. Mas afirmaram que a amostra de 12 institutos federais e um colégio militar entre 597 escolas avaliadas no Brasil segue o padrão estatístico da metodologia definida pela OCDE e não deixa dúvidas do tamanho da desigualdade entre o ensino público estadual e municipal e aquele administrado pelo governo federal ou por militares, que superaram a média dos países mais ricos.
Desigualdade na educação é gritante
Ao incluir na conta o desempenho dos estudantes de escolas públicas estaduais e municipais a média brasileira cai significativamente, deixando o país em posição muito ruim. No ranking das 79 economias analisadas o Brasil ficou em 57° lugar em leitura, 66° em ciências e em 70° em matemática. Se comparado aos vizinhos sul-americanos que participaram do PISA 2018, o país ficou em último lugar em ciências e matemática, empatado na margem de erro com Peru e Argentina. Em leitura, o desempenho dos estudantes brasileiros é ligeiramente melhor que o de argentinos e peruanos, mas pior que o de jovens de todos os demais países sul-americanos avaliados e abaixo da média dos países da OCDE.
"O Brasil é essa tragédia no resultado geral, mas quando a gente olha as escolas cívico-militares já existentes a gente está acima da média da OCDE", disse o ministro durante a entrevista, reforçando que o governo está investindo na ampliação de vagas em escolas técnicas e na transformação de escolas municipais e estaduais em colégios militares. No início do próximo ano letivo o Brasil já terá 54 novas escolas cívico-militares.
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O presidente do Inep, Alexandre Ribeiro Lopes, destaca ainda que os resultados do Pisa 2018 reforçam as enormes desigualdades regionais e econômicas do Brasil. Alunos de escolas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram desempenho médio muito melhor que os do Norte e Nordeste. Outra diferença que chama a atenção: as notas de jovens ricos superam em mais de 100 pontos as de alunos pobres, revelando o abismo educacional entre estudantes de diferentes classes sociais. Alunos de maior poder aquisitivo têm 3 anos a mais de escolaridade, já que 30 pontos correspondem a um ano de estudos em média.
"A gente tem conseguido aumentar a desigualdade na educação”, disse o presidente do Inep. "Não há o que comemorar. No geral estamos na rabeira. Os jovens dos países da OCDE têm 3 ou 4 anos a mais de escolaridade do que a média brasileira."
Para tentar mudar a realidade o ministro da Educação Abraham Weintraub disse que, além de criar novas escolas cívico-militares e de ampliar as vagas no ensino técnico, o governo vai levar internet a todas as escolas públicas urbanas e a 50% das rurais já em 2020, está investindo na formação de professores e em novo material didático.
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