| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em uma escola, os alunos da educação infantil permaneciam dispersos o tempo inteiro e as atividades tradicionais não pareciam mais atrair as crianças. Em outra, adolescentes reclamavam da falta de respeito e das provocações dos colegas. Dois problemas diferentes, mas que tiveram o mesmo destino: foram transformados em matéria-prima para projetos educacionais transformadores. As experiências, do Colégio Marista Paranaense e da Escola O Pequeno Polegar, estão entre as 12 que receberam na última sexta-feira (13) o 1.º Prêmio de Práticas Inovadoras em Educação, do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR).

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“Nosso objetivo com este prêmio é instigar outras escolas por meio desses exemplos.”

Jacir Venturi,presidente do Sinepe-PR

Ao todo, concorreram à premiação 31 projetos de escolas privadas associadas ao Sinepe. Os projetos foram divididos em quatro categorias, conforme a etapa de escolaridade dos alunos participantes, e deveriam contemplar ao menos um dos três temas: Inovação em Sustentabilidade, Inovação em Inclusão Social ou Inovação Pedagógica.

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Entre as iniciativas vencedoras, há tanto experiências voltadas a aprimorar o ensino quanto propostas para melhorar as relações pessoais dentro das escolas. “Nosso objetivo com este prêmio é instigar outras escolas por meio desses exemplos, para que elas sejam estimuladas a perseguir a implantação de uma cultura em que esses três temas sejam relevantes para a instituição”, afirma o presidente do Sinepe, Jacir Venturi. Veja a seguir os primeiros colocados de cada uma das quatro categorias:

Educação Infantil e Ensino Fundamental I

Escola O Pequeno Polegar

Projeto: Territórios de Aprendizagem

Só a tecnologia parecia encantar os alunos de educação infantil da escola O Pequeno Polegar, localizada em São José dos Pinhais. As atividades tradicionais organizadas pelos professores não atraíam mais as crianças, que viviam dispersas. Não bastasse isso, elas apresentavam atraso no desenvolvimento da coordenação motora fina e pouca criatividade. Em busca de soluções, a fundadora e diretora da escola, Lula Andriguetto, pesquisou experiências adotadas pelas melhores escolas de educação infantil da Itália, país considerado referência mundial nessa etapa de escolaridade. Também fez visitas técnicas na Argentina, onde há instituições inspiradas no modelo italiano.

Do levantamento veio a ideia de criar espaços ao ar livre que favorecessem a exploração e a curiosidade. Toda sexta-feira, os alunos de 1 a 5 anos passam em média duas horas nos Territórios de Aprendizagem, tendas debaixo das quais fazem trabalhos manuais e brincam com materiais simples, mas instigantes, como tinta, areia colorida, argila, espelhos, grãos e círculos de madeira. “A possibilidade de criação é grande quando você tem uma pilha de blocos de madeira. Hoje as crianças montam uma torre, amanhã um carro. Há muito mais possibilidades do que um videogame”, afirma Haroldo Andriguetto Junior, coordenador-geral da escola. Segundo ele, as brincadeiras diminuíram os conflitos e melhoraram a capacidade de concentração, a motivação e a criatividade das crianças. Além disso, os trabalhos manuais tiverem efeitos positivos na coordenação motora fina dos alunos.

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Ensino Fundamental II e Ensino Médio

Colégio Marista Paranaense

Projeto: Resgatando Gentilezas

O projeto Resgatando Gentilezas começou em 2014, a pedido de alunos dos anos finais do ensino fundamental incomodados com a falta de respeito de alguns colegas. Os estudantes levaram a queixa a coordenadores e pedagogos do colégio, que decidiram envolver também o ensino médio e iniciar um projeto onde os alunos fossem os protagonistas.

Foi formado um grupo com cerca de 40 representantes dos estudantes, que ficaram responsáveis por recolher as principais reclamações durante assembleias com as turmas. Após os debates, os alunos sugeriram ações para melhorar a convivência na escola e divulgaram as ações do projeto nas redes sociais. “Passamos a ouvir os alunos, em assembleias realizadas durante uma hora/aula. Havia reclamação, por exemplo, de que colegas não jogavam o lixo no lixo ou de que na saída do professor alguns alunos levantavam e atrapalhavam os outros que ainda estavam copiando a matéria do quadro”, conta a coordenadora do ensino fundamental II, Cláudia Martins.

Em outra estratégia do projeto, os monitores e zeladores da escola passaram nas salas para se apresentar e contar um pouco da sua história de vida. Segundo Cláudia, o objetivo era fazer com que os estudantes valorizassem mais esses funcionários. Ao fim das discussões, os alunos protagonizaram um vídeo com exemplos de pequenas gentilezas.

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Ensino Superior

Universidade Positivo

Projeto: Residência Pedagógica

Entre as principais críticas feitas hoje aos cursos de Pedagogia, estão a falta de conexão entre teoria e prática e a ausência de aulas sobre os conteúdos que no futuro serão trabalhados pelos professores em disciplinas como Português, Matemática ou Ciências. Para superar essas falhas, em 2013 o curso de Pedagogia da Universidade Positivo (UP) reestruturou o seu programa de estágio. Os alunos passaram a frequentar os ambientes de trabalho desde o primeiro ano do curso, além de participar de encontros quinzenais com professores supervisores – quando discutem o que vivenciaram em sala de aula.

“Antes o estágio estava mais vinculado aos dois últimos anos do curso, que tem 4 anos. Eram cerca de 300 horas de estágio e hoje passamos para 400”, afirma a coordenadora do curso de Pedagogia da UP, Josemary Morastoni. Além da ampliação da carga horária de estágio, o curso retomou o ensino de conteúdos disciplinares. O resultado foi a formação de profissionais mais seguros.

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Cursos Livres

Phil Young’s

Projeto: Phil Green

O fundador da escola de inglês Phil Young’s participa semanalmente das aulas em Curitiba por meio de vídeos conferências. Em uma das participações do empresário Phil Young, quando ele discutia sustentabilidade com os alunos, um dos estudantes argumentou que as pessoas falavam muito sobre os problemas do meio ambiente, mas na própria escola faltavam ações concretas.

Diante do comentário, a instituição decidiu traçar um plano de ação. Além de instalar um sistema completo de separação e reciclagem de lixo nas unidades da rede, criou uma horta comunitária para proporcionar aos alunos de 7 a 11anos a experiência do plantio e cuidado de verdura e legumes orgânicos.

Simon Banha, um dos coordenadores da escola, explica que as atividades na horta permitem o aprendizado do inglês dentro de um contexto real. “É um vocabulário de conscientização ambiental desenvolvido em inglês que o aluno poderá usar no futuro em ambientes internacionais”, diz.

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Vencedores

Confira os três primeiros colocados de cada categoria do Prêmio Práticas Inovadoras em Educação

ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL:

1.º lugar - Escola O Pequeno Polegar

Projeto: Territórios de Aprendizagem

2.º lugar - Escola Atuação

Projeto: Diálogo Contínuo, Resultado Positivo

3.º lugar - Escola Bambinata

Projeto: Crescendo e Aprendendo

ENSINO FUNDAMENTAL II, ENSINO MÉDIO REGULAR E ENSINO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE

1.º lugar - Colégio Marista Paranaense

Projeto: Resgatando Gentilezas

2.º lugar - Colégio Vicentino São José

Projeto: Eu no poder

3.º lugar - Escola Atuação

Projeto: Oral Class

ENSINO SUPERIOR

1.º lugar - Universidade Positivo

Projeto: Residência Pedagógica

2.º lugar - Faculdade Opet

Projeto: Metodologias Ativas

3.º lugar - FAE São José dos Pinhais

Projeto: Caminhos

CURSOS LIVRES

1.º lugar - Phil Young’s

Projeto: Phil Green

2.º lugar - Escola Especializada Primavera

Projeto: Jornada pelo Bairro

3.º lugar - Lady e Lord

Projeto: Metodologia de Ensino