Depois de abolir frituras, doces industrializados e refrigerantes, escolas particulares de São Paulo adotaram novas ferramentas no combate à má alimentação e à obesidade infantil. Esses colégios recorreram à tecnologia para que pais possam controlar o que os filhos compram na cantina ou saibam diariamente o que comeram no almoço. Estão proibidos até bolo nas festinhas de aniversário.
No colégio Anglo 21, no Alto da Boa Vista, zona sul da capital, os pais têm a opção de, em vez de dar dinheiro, usar um cartão para que os filhos comprem o lanche na cantina. Com o cartão, eles podem bloquear alguns alimentos que não querem que a criança escolha, apesar de a própria lanchonete já ter abolido alguns “vilões”.
“Se a criança tem alguma restrição alimentar ou os pais não querem que coma determinado alimento, com o cartão é possível bloqueá-lo. Os alunos compram os lanches em um terminal eletrônico e o retiram na cantina”, disse o coordenador Luis Henrique Vasquinho.
O colégio também oferece almoço para os estudantes, sempre com opções saudáveis - sem frituras, apenas sucos e muitas opções de saladas. “No começo, um ou outro aluno colocava na caixinha de sugestões para que servíssemos pastel, salsicha. Agora, eles já se acostumaram e até gostam das opções de refeição”, disse Vasquinho.
No colégio também há um projeto para que, três vezes ao ano, os alunos passem por uma medição de peso e altura. Os dados são enviados aos pais e, se necessário, são discutidas ações individuais para cada aluno. “A saúde é um tema transversal à educação. A criança fica o maior tempo dela na escola e é onde vai adquirir hábitos saudáveis”, afirmou o coordenador.
Acompanhamento
No colégio Magno, no Jardim Marajoara, zona sul, os pais de alunos dos ensinos fundamentais 1 e 2, dos 6 aos 14 anos, podem acessar diariamente um relatório digital sobre o que e quanto os filhos comeram. “Os pais sabem qual foi o cardápio do dia e recebem um retorno sobre como o filho se alimentou. O que escolheu para pôr no prato, se comeu tudo ou não. As famílias estão muito preocupadas com a alimentação”, disse Claudia Tricate, diretora pedagógica.
A juíza Soraya Lambert, de 45 anos, checa diariamente o relatório sobre a alimentação da filha Luíza, de 9 anos. “Me dá uma segurança muito grande saber que eles se preocupam com o que os alunos comem. A Luíza, por exemplo, mudou alguns hábitos, e verduras, como brócolis e couve-flor, que antes comia por obrigação, hoje até gosta”, disse.
Todos os dias, a escola tem no almoço dois tipos de salada, duas proteínas, legumes, suco natural e frutas. Os pais também podem almoçar na escola com os filhos.
Regras
Já na Escola Internacional de Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo, nenhum alimento que “venha de fora” é permitido. Os alunos almoçam e lancham o que é preparado no colégio. Do cardápio, foram abolidas as frituras, chocolate e refrigerantes. Doce só é servido como sobremesa uma vez na semana.
Para os alunos da educação infantil, de 1 a 5 anos, a escola está adotando um novo processo para retirar o açúcar e embutidos “Estamos servindo apenas bolos de frutas, com farinha integral e sem açúcar. Substituímos o iogurte por coalhada com mel”, contou Jaqueline Cappellano, coordenadora.
Segundo ela, a escola proibiu alimentos externos porque muitas crianças têm restrições na dieta, como intolerância a lactose ou glúten. “Os pais ficam muito preocupados. Uma mãe contou que o filho entrou em choque anafilático em outra escola porque comeu o lanche do colega que tinha castanha-do-pará. Ele tinha uma alergia muito grave”, contou.
A restrição vale para festinhas de aniversário. A escola oferece ao fim do mês um cupcake (bolinho individual) para os alunos. “Vimos que nem sempre havia bom senso. Logo cedo, os pais mandavam bolos com chantilly”, disse Jaqueline.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas