Engenharia social e policiamento de linguagem não mudarão a natureza humana: gostamos muito mais de algumas pessoas do que de outras.
De acordo com um artigo no U.S News and World Report, algumas escolas dos Estados Unidos e da Europa “estão tentando proibir a ideia de crianças terem melhores amigos” porque não seria inclusivo e magoaria outros colegas.
“A noção de escolher melhores amigos é algo muito enraizado em nossa cultura”, diz a psicóloga familiar e infantil, Barbara Greenberg, em artigo chamado “Should Schools Ban Kids from Having Best Friends?” (“As escolas deveriam proibir as crianças de ter melhores amigos?”, em tradução livre).
“Contudo, há, na minha opinião, mérito no movimento pela proibição de ter melhores amigos”, continua.
Segundo Greenberg, “há algo terrivelmente exclusivo acontecendo quando uma estudante do ensino fundamental diz para a menina sentada do lado dela que é melhor amiga da menina sentada na frente delas”.
“Muitas crianças vem ao meu consultorio de terapia perturbadas quando seus melhores amigos passam a dar esse título cobiçado para outra pessoa”, continua.
Greenberg diz “Vamos lá” para a ideia de proibir “melhores amigos”. Ela explica:
Sou uma grande fã de inclusão social. A expressão melhor amigo é essencialmente exclusiva. Entre as crianças e até mesmo adolescentes, melhores amigos mudam rapidamente. Essas mudanças levam a oscilações emocionais e ela seriam muito menos prováveis se nossas crianças falassem em amigos próximos, ou até mesmo bons amigos, em vez de melhores amigos (...). Existe um sistema de classificação tácito; e onde há um sistema de classificação, há problemas. Vejo crianças que nunca receberam o rótulo de melhores amigos e, infelizmente, elas se sentam sozinhas nas mesas durante o lanche e geralmente nas suas casas enquanto os outros estão com seus melhores amigos.
Um melhor amigo é uma coisa “exclusiva”? Claro. Às vezes crianças que não tem melhores amigos se sentem um lixo? Com certeza. Mas a verdade é que Greenberg está fazendo a mesma suposição equivocada que muitas pessoas fazem quando se posicionam pela proibição de uma expressão: que mudar a linguagem mudará algo na vida real.
Não mudará.
Instruir as crianças, como Greenberg sugere, a falarem em “amigos próximos” em vez de “melhores amigos” não mudará essas amizades, do mesmo modo que passar a se referir ao seu ex como “meu namorado” não significa que vocês estão juntos novamente.
Vamos pensar: mesmo se uma escola proibir as crianças de usarem a frase “melhor amigo”, algumas delas ainda terão uma pessoa com a qual elas se sentem mais conectadas. E isso será óbvio para todo mundo: essas duas crianças são mais próximas uma da outra do que de outros colegas.
As crianças que não tem melhores amigos ainda perceberão isso quando eles, digamos, tiverem que formar uma dupla para um projeto (se isso ainda for permitido) e elas ainda serão rejeitadas por seu “amigo próximo” em favor de um dos “amigos próximos” daquele “amigo próximo” – o melhor amigo.
É difícil passar pela escola primária sem um melhor amigo. Eu sei disso; eu tive algumas passagens por esse inferno e passei muitas aulas de educação física tendo que formar dupla com uma menina que fazia bullying comigo (e tinha cheiro de cigarro) – porque eu não tinha uma “melhor” amiga, apenas amigas “próximas” que na verdade eram “melhores” amigas de outras pessoas.
Mas se a minha escola tivesse proibido “melhores amigos”, teria sido mais fácil para mim? Não, porque mesmo sendo criança, eu não era uma completa idiota. Eu conseguia identificar facilmente quem eram os melhores amigos e que eu não tinha um melhor amigo por causa dessas coisas chamadas sinais sociais.
Seria bom criar um mundo sem dor e sem exclusão, mas essa é uma coisa difícil de conseguir. Primeiramente, seres humanos são por natureza exclusivos. Todos somos diferentes, e todos nós nos conectamos (ou não nos conectamos) uns com os outros de modos diferentes.
Toda pessoa que já existiu conhece alguma pessoa que ela gosta mais do que as outras pessoas. Isso é normal e não mudará – principalmente não com algo tão simples quanto se recusar a chamar as coisas pelo que elas realmente são.
*Katherine Timpf é repórter no National Review Online.
©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
Tradução: Andressa Muniz.
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