O Dia dos Pais, celebrado neste domingo, vai passar em branco em muitas escolas brasileiras. Um número crescente de instituições de ensino tem trocado a data pelo genérico Dia da Família. As escolas afirmam promover a “inclusão” e a “diversidade”. Mas, além da boa vontade com alunos órfãos ou que vivem com o padrasto, a mudança pode estar ligada a uma agenda ideológica.
A escola infantil Zigue Zar, em Brasília, adotou o novo calendário há quatro anos. A administradora da unidade, Mariane Golart, diz que o espaço atende crianças de seis meses a 5 anos e que a novidade é bem recebida por casais homossexuais.
“No ano passado recebemos um aluno que tem duas mães. Com a festa da família, não foi preciso fazer nenhuma adaptação”, afirma.
Na Escola Estadual Professor Vítor José de Araújo, em Goiânia, o Dia da Família foi adotado em 2016. A coordenadora pedagógica Amanda Gonçalves Moreno diz que o objetivo é atender os diferentes perfis de famílias da comunidade escolar.
“Minha opinião, principalmente dentro de uma escola pública, é que devemos estar abertos à realidade da sociedade”, afirma Amanda.
Para a psicóloga Andréa Roriz, a transformação da data é natural: “As crianças chegam nas escolas com duas mães, ou adotadas por um casal de homens. O casamento tradicional era entre um homem e uma mulher. Hoje existe uma pluralidade”, opina.
Críticas
A abolição do Dia dos Pais é um tema controverso. Com o divórcio facilitado e o aumento da gravidez fora do casamento, o perfil das famílias tem mudado. Mas décadas de estudos têm mostrado que essa fragmentação é ruim para os filhos. Já em 1985, por exemplo, havia evidência suficiente ligando o divórcio a desordens emocionais nas crianças. Ser filho de pais solteiros também torna mais difícil a ascensão social dos jovens de baixa renda. Justamente por isso, a figura paterna não deveria ser valorizada em vez de deixada em segundo plano?
Além disso, crianças órfãs sempre existiram e isso não impedia a celebração do Dia dos Pais. Seria a mudança no calendário motivada por razões ideológicas?
Para o coordenador do movimento Escola sem Partido, Miguel Nagib, a resposta é sim. “É uma tentativa de desconstruir a família tradicional, apagar da memória esse cenário cultural. O objetivo está subjacente”, avaliou o procurador.
Na visão de Nagib, o problema também é jurídico – especialmente nas escolas públicas. “O costume é uma fonte de direito e isso está na lei. Não cabe ao diretor da escola fazer essa mudança”, explica.
Ele acredita que, por trás da justificativa de inclusão, o verdadeiro motivo para transformar essa tradição é a inserção de agenda ideológica LGBT.
Miguel Nagib alerta que o tema deve ser assunto do Legislativo. “O Dia da Família fere a expectativa de muitas famílias. Ninguém tem competência para tomar essa decisão e transformar o conceito de pai, mãe e filhos em outra ideia”, afirma.
Homenagear os pais e criar um dia específico para a família, entretanto, não são excludentes. A Escola Adventista de Anápolis (GO), por exemplo, não aboliu o Dia das Mães e o Dia dos Pais, mas também incluiu no calendário o Dia da Família. Neste caso, a ideia é envolver os demais parentes do aluno sem deixar os pais de lado: “É uma data para todos os familiares”, explica Albert Andrade, diretor da escola.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink