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Carreira

Escolha por profissão deixa o mercado em 2.º plano

Anderson Prussak deixou a Medicina de lado e investiu na Engenharia Civil. | Daniel Caron / Gazeta do Povo
Anderson Prussak deixou a Medicina de lado e investiu na Engenharia Civil. (Foto: Daniel Caron / Gazeta do Povo)

Uma olhada rápida na lista dos cursos mais concorridos nos principais vestibulares do país revela que os estudantes têm preferência pelas Ciências Humanas, embora não seja novidade que o mercado tenha valorizado e buscado cada vez mais profissionais formados em cursos de Exatas. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, entre os dez cursos mais concorridos neste ano não há nenhuma Engenharia. No topo, ao lado de Medicina e Biomedicina, estão Arquitetura e Urbanismo, Comunicação Social, Direito, Design Gráfico e Psicologia.

O bom momento econômico do Brasil e a expansão que o país vive na área de infraestrutura faz com que o mercado recrute mais engenheiros e outros profissionais ligados às Exatas. Essa é a avaliação da psicóloga e doutora em Recursos Humanos Adriana Caldana, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).

"Além de considerar a demanda por engenheiros no país, por causa de eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, não podemos esquecer que somos um país voltado para a agricultura e o agronegócio. Muitos profissionais que trabalham nesses segmentos são ligados à área de Exatas", afirma Adriana.

A valorização das Ciências Exatas é comprovada pelo valor alto da remuneração e pela quantidade de oportunidades de emprego na área, conforme a psicóloga organizacional e mestre em Administração Samantha Martins Boehs, professora do Departamento de Administração Geral Aplicada da UFPR. "As Engenharias estão em alta pelo momento que o pais está passando. Houve um boom nos últimos quatro anos e o país ainda não tem profissional suficiente para atender essa demanda", diz.

Salários

No estudo "As Profissões e o Mercado de Trabalho Brasileiro entre 2000 e 2010", o economista Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), relacionou a variação nos salários de diferentes profissões com o crescimento da oferta de profissionais ou demanda do mercado de trabalho. A conclusão é que carreiras com número de profissionais formados maior do que o mercado precisa tiveram maiores reduções salariais, como Turismo, Publicidade e Propaganda e Administração de Empresas.

Já as profissões que tiveram alta salarial são aquelas que não têm a demanda do mercado suprida, como Medicina, Engenharias e Economia. "Nessas profissões, a demanda está aumentando mais rapidamente que a oferta, ou seja, a sociedade está precisando de mais profissionais nessas áreas", explica Menezes Filho, em resposta por e-mail.

Desiludido com o Turismo

Hugo Harada / Gazeta do Povo

Em 2001, o empresário Felipe Fontana (foto), 30 anos, escolheu cursar Turismo por avaliar que se tratava de uma área promissora. Era um curso relativamente novo e, sem saber exatamente qual caminho seguir, Fontana fez estágios, trabalhou em hotéis e agências de intercâmbio, até abrir a própria agência.

Anos depois, desistiu da área e hoje administra um estacionamento. "Perdi o prazer da coisa e a remuneração não era das melhores. Se é empregado, não ganha muito bem; se é empresário, seus gastos são altíssimos", conta. Outro motivo que o desanimou foi o fato de que a formação não é pré-requisito para atuar na área. Além disso, com a internet, os clientes estão cada vez mais independentes e conseguem planejar uma viagem sem sair de casa.

"Se pudesse voltar atrás, com certeza faria outro curso, como Engenharia Civil. Se tivesse feito isso, provavelmente estaria trabalhando na área, pois ela é muito abrangente e a remuneração é boa", diz.

Conte a sua históriaVocê pensava cursar uma área e seguiu o caminho de outra? O que influenciou a sua decisão? Deixe seu comentário abaixo.

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