Papo será no dia 11 e está com as inscrições abertas
O patriotismo presente na Copa do Mundo fará parte das discussões do próximo Papo Universitário, que será às 20 horas de 11 de junho, no Teatro Paiol, em Curitiba. Com o tema "O Mundial chegou!", o evento pretende reunir especialistas e estudantes para debaterem como está o entusiasmo da torcida, o legado da Copa para a cidade e o futebol brasileiro. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.
Os convidados para esta edição são o cientista social e professor da UFPR Ricardo Costa de Oliveira; o narrador esportivo e colunista de esportes da Gazeta do Povo Luiz Augusto Xavier; a estudante de Design Gráfico na UFPR Bianca Teixeira, integrante do projeto de mobilização Imagina na Copa; e o presidente do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau, Dario Luiz Paixão.
Serviço
O Papo Universitário é uma iniciativa da Gazeta do Povo, com o intuito de estimular os jovens a discutirem sobre temas da atualidade. A participação no evento é gratuita e a inscrição pode ser feita pelo site www.gazetadopovo.com.br/papo. Os estudantes que comparecerem ganham certificado de 4 horas complementares. O evento terá cobertura do Vida na Universidade e transmissão ao vivo pela ÓTV (canal 21 da NET Digital Curitiba). (JDL)
Na torcida
O estudante de Engenharia Civil da UTFPR Luiz Antônio Bressan, 19 anos, respondeu à enquete do Vida na Universidade nas redes sociais e disse que não abre mão de torcer pela seleção como sempre, apesar dos problemas da Copa. "São coisas diferentes. Eu também acho um absurdo os atrasos e o gasto de dinheiro público nos estádios, mas o time do Brasil não teve nada a ver com isso. É por ele que eu torço."
A Copa do Mundo foi, durante décadas, o período em que o patriotismo brasileiro ficava mais evidente, mas especialistas da área de Ciências Humanas têm destacado aquilo que já é perceptível nas ruas. O ânimo para o Mundial está menor, as ruas estão menos verde-e-amarelas e milhares de torcedores parecem sentir certo constrangimento em se entregar à euforia do futebol. Grande parte dessa mudança se deve aos desperdícios e à desorganização nos preparativos do evento, mas há quem diga que a alteração do sentimento patriótico não deve se limitar a esta Copa e veio para ficar.
Conforme explica a antropóloga e professora do curso de Direito da UniBrasil Laura Jane Both, o patriotismo é uma marcação de identidade, um sentimento que estimula o indivíduo a se identificar com determinado grupo para se diferenciar de outros. O que vem ocorrendo no Brasil, segundo ela, é o fato de que por muito tempo o país foi identificado com determinados elementos culturais que parecem não satisfazer mais a imagem que o povo quer ter de si mesmo.
"Queremos ser vistos de outro jeito. Queremos fixar outros elementos com a nossa identidade. Talvez por isso muitos estejam mais felizes por colocarem um cientista mostrando seu invento na abertura dos jogos do que apenas mais uma apresentação de samba", diz a professora, referindo-se ao doutor Miguel Nicolelis e seu exoesqueleto capaz de fazer paraplégicos andarem.
Mudança
Assim, se há pouco tempo o patriotismo brasileiro era criticado por durar apenas no mês da Copa, o aparente enfraquecimento do entusiasmo pelo Mundial pode significar um amadurecimento diante de preocupações sociais. "Se você compara o Brasil com nossos vizinhos argentinos, por exemplo, eles sempre foram muito mais dados aos protestos por melhores condições de vida em seu país do que nós. Estamos aprendendo, do ano passado para cá", diz o psicólogo e doutor em Educação Raymundo de Lima, da UEM.
Essa nova realidade também é vista com bons olhos pelo professor Lindomar Boneti, do curso de Sociologia da PUCPR. Para ele, quando o patriotismo não inclui autocrítica, acaba por alienar a população. "É quando percebemos nossas fragilidades que expressamos um patriotismo realmente saudável", diz o professor.
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