Uma estátua de Mahatma Gandhi, líder indiano morto em 1948, foi removida na madrugada de quarta-feira (12) do campus da Universidade de Gana, a pedido de professores e estudantes. Eles afirmam que Gandhi é racista por defender que os africanos eram “infinitamente” inferiores aos indianos.
A estátua foi colocada no campus de Accra, capital do país africano, há dois anos, com a presença do então presidente da Índia Pranab Mukherjee. O monumento fazia homenagem a Gandhi por suas teorias de resistência pacífica. A divulgação de frases atribuídas a Gandhi e de um livro escrito por dois sul-africanos, porém, provocou o pedido de retirada da figura.
A publicação, que é de 2015, traz afirmações de Gandhi nas quais ele lamenta que os indianos estivessem sendo forçados a utilizar as mesmas instalações dos africanos. “Seus hábitos civilizados [dos indianos] (...) seriam degradados aos hábitos dos nativos aborígenes”, teria dito. Gandhi viveu na África do Sul entre 1893 e 1915.
Com a propagação dessas e de outras frases, professores e alunos fizeram um abaixo-assinado on-line, com mais de duas mil assinaturas, pedindo que a estátua fosse retirada e, em seu lugar, fosse colocado algum herói africano. A hashtag #GandhiMustFall foi uma das mais citadas nos últimos dias nas redes sociais em Gana e na África do Sul.
“Por maior que seja Gandhi; ele pode ter sido ótimo para os indianos, mas nós temos nossos próprios heróis, homens e mulheres na história africana, e sabemos pouco sobre eles. Então, precisamos de nossos próprios heróis, porque eles são os únicos que podem nos inspirar”, disse o professor Kofi Asare Opoku, que dá aulas na universidade na disciplina de Estudos Africanos.
De acordo com a agência France Press, para o coordenador do Instituto de Estudos Africanos, Obadele Kambon, a remoção da estátua foi uma questão de “autorrespeito”.
“Se mostrarmos que não temos respeito por nós mesmos e menosprezamos nossos próprios heróis e elogiamos outros que não tinham respeito por nós, então há um problema”, disse ele.
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores de Gana afirmou que a universidade tinha autonomia para decidir sobre o caso. O órgão também acredita que não terá problemas diplomáticos com a Índia pelo ocorrido.