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Saúde

Estímulo contra o sedentarismo

Eliane Bilibio acompanha a filha Janaína, 15 anos, em aulas de pilates para estimulá-la | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Eliane Bilibio acompanha a filha Janaína, 15 anos, em aulas de pilates para estimulá-la (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

Metade das crianças e dos adolescentes brasileiros não pratica atividade física de acordo com o tempo ideal preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de meia hora por pelo menos três vezes por semana. Para reverter esse quadro e impedir que eles desenvolvam doenças relacionadas ao sedentarismo, como diabete, obesidade e problemas cardiovasculares, existe um profissional que é figura determinante para incentivar o gosto pela prática esportiva: o professor.

Geralmente, é na escola que a criança tem o primeiro contato com o exercício físico e é lá que ela vai aprender a gostar dele ou a odiá-lo. Por isso, o papel do professor de Educação Física não fica restrito às aulas. Além de tornar as atividades atrativas e estimulantes, o educador deve ficar atento aos alunos com menos interesse e habilidade.

Para os menores, com até 5 anos, o estímulo deve ser essencialmente lúdico, com brincadeiras que requerem movimentos. Se a criança não quiser fazer o exercício ou for excluída pelos colegas, é do professor a tarefa de integrá-la para que o desânimo e a falta de interesse por esportes não se reflitam lá na frente.

"As crianças pequenas dão muito valor ao professor. Se ele pegar na mão dela e correr junto, ela vai passar a se interessar pela atividade. Isso vale também para os excluídos. Se a professora os chama para a atividade, os colegas vão fazer o mesmo", explica Marayna Lechinhoski, professora de Educação Física que aplica avaliação motora em crianças na rede particular de ensino.

No caso dos maiores, o gosto pelo esporte também depende do incentivo do professor, mas de outra forma. O ideal é que o educador leve para os jovens atividades e esportes diferentes dos tradicionais. "Ficar só nessas atividades não cabe mais na escola de hoje. O aluno espera muito mais do docente, principalmente aquele que não gosta de Educação Física. Ele [aluno] precisa ser provocado", comenta o coordenador do curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Paulo César de Barros.

Entre os esportes não tradicionais que podem ser praticados na escola para chamar a atenção dos estudantes estão badminton, frescobol, rúgbi, tênis e beisebol. Segundo Barros, é preciso entender que cada aluno tem uma habilidade diferente. Quanto maior a gama de atividades oferecidas pela escola, maior a chance de o estudante que não gosta de atividade física se interessar por pelo menos uma.

Incentivo

Nas instituições particulares é comum que a escola ofereça uma atividade esportiva fora do horário de aula, geralmente paga. No Colégio Dom Bosco, por exemplo, os pais podem escolher quantas atividades desejarem, como basquete, vôlei, dança, balé e capoeira. Assim, além das duas aulas de Educação Física por semana, o estudante terá pelo menos duas horas a mais.

Na rede pública, essas atividades extracurriculares são oferecidas em contraturno e, eventualmente, o aluno pode fazê-las em outra escola. Os colégios municipais oferecem mais de 20 modalidades e o estudante também é livre para fazer quantas quiser.

Pais devem ser exemplo para que filhos se exercitem

Se dentro da escola o professor é essencial para incentivar a prática esportiva, fora dela esse papel fica a cargo dos pais. Educadores físicos são unânimes em dizer que, principalmente para aquele jovem que não se interessa por esporte, a família pode fazer a diferença. "Se os pais são sedentários, é natural que os filhos sigam os mesmos passos", diz o professor de Educação Física da Escola Atuação Thiago Ribeiro dos Santos.

Reverter esse quadro não é tão difícil assim. O primeiro passo é começar por passeios que envolvam caminhada ou bicicleta, por exemplo, que possam ser feitos em família, de preferência em parques e praças da cidade. De acordo com Santos, essa é uma forma divertida de a criança se interessar pela atividade e ter vontade de trocar o computador e o videogame por ela.

Outra opção é oferecer ao filho uma variedade de atividades físicas fora da escola, como natação, vôlei, basquete ou algum tipo de dança. Mas cuidado: é importante não obrigá-lo a nada; deixar que ele conheça e se interesse naturalmente por alguma delas. "Depois de escolhido, os pais não podem cobrar deles desempenho perfeito, nem que eles tirem primeiro lugar em campeonato. Cobrança excessiva pode causar desestímulo e até fazer com que eles se tornem adultos que detestam a prática esportiva", explica a professora de Educação Física do Colégio Dom Bosco Rachel Fontoura dos Santos Lima.

Idade ideal

Existe uma idade ideal para que a criança comece um treino esportivo. Se ela tiver menos que 8 anos, é melhor que pratique até três vezes por semana. Uma frequência maior pode contribuir para que o jovem enjoe e desista da atividade quando chegar à adolescência. Depois disso, se a intenção é que ela se aperfeiçoe na atividade, o exercício pode se tornar diário.

Desde criança, a estudante Janaína Barcella Bilibio, 15 anos, não gosta de exercícios e sempre que pode dá um jeito de fugir das aulas de Educação Física. Depois de os pais testarem todo tipo de atividade, como natação, handebol, academia e ginástica rítmica desportiva, a mãe, Eliane Barcella Bilibio, resolveu fazer uma última tentativa: acompanha a filha em aulas de pilates. "Faz dois meses que começamos e felizmente ela está gostando. Antes disso, ela só queria ficar em casa, no computador. Agora que fazemos as aulas juntas, funcionou."

Eliane diz acreditar que a sua influência e a do seu marido foram decisivas para que a filha fosse avessa a esportes. Por não gostarem nem praticarem nenhuma atividade física, ela cresceu sem um modelo para se espelhar. A atitude só mudou há pouco tempo, segundo ela, porque todos tomaram consciência da importância do exercício para a saúde.

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