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Os estudantes brasileiros estão entre os mais estressados do mundo e com maiores níveis de ansiedade durante provas. De acordo com dados do Pisa 2015, 80,8% dos estudantes brasileiros se sentem ansiosos durante avaliações e 56% ficam tensos durante os estudos. A média de ansiedade entre os alunos dos países pesquisados é de 55,5%. Os níveis de ansiedade dos estudantes do Brasil ficam atrás somente da Costa Rica. 

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O levantamento é parte do relatório “Bem-Estar dos Estudantes: Resultados do Pisa 2015”, publicado neste ano pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As informações foram reunidas a partir de um questionário aplicado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes a 540 mil estudantes de 15 anos de idade em 72 países e regiões. 

“Os estudantes brasileiros são os mais ansiosos com os testes, mesmo que eles não sejam testados com muita frequência, e ainda que as demandas acadêmicas sobre eles não sejam tão altas”, disse Andreas Schleicher, diretor de educação da OCDE. 

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O alto índice de ansiedade afeta o desempenho dos estudantes: de acordo com análise da OCDE, quanto maior o nível de ansiedade dos adolescentes, menor o seu desempenho acadêmico. 

A ansiedade apresentada pelos estudantes não está ligada ao número de horas que passam na escola. De acordo com o relatório, o sentimento está relacionado a uma sensação de falta de apoio pelos professores e comunidade escolar. A ocorrência é mais frequente entre meninas, que apresentam maior ansiedade em relação a trabalhos escolares, provas e tarefas de casa. 

Essa incidência também está presente em estudo realizado por pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná). De acordo com a pesquisa, as meninas apresentam maiores níveis de estresse porque os meninos têm maior probabilidade de omitir sintomas e informações relacionadas ao seu estado emocional. Para a maioria dos estudantes, as atividades acadêmicas são apontadas como um fator de estresse muito forte. 

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“Adolescentes precisam aprender a enfrentar desafios diferentes das avaliações tradicionais. Mas o que temos feito é poupá-los demais, evitamos colocá-los em xeque”, avalia Josiane Knaut, professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo. 

Bons resultados 

Por outro lado, jovens que se sentem bem no ambiente escolar tem maior probabilidade de apresentarem bons resultados acadêmicos e de viverem mais felizes. De acordo com o levantamento da OCDE, 76,1% dos estudantes brasileiros sentem-se parte da comunidade escolar e 44,6% estão muito satisfeitos com a sua vida na escola. O senso de pertencimento é menor entre estudantes menos favorecidos: em média, eles têm 7,7% menos chances de se sentirem incluídos na comunidade escolar. 

Professores contribuem para esse cenário: segundo análise da OCDE, os educadores desempenham papel crucial na criação de condições que favoreçam o bem-estar dos estudantes. Em escolas com maiores níveis de satisfação entre os alunos, o nível de suporte dos professores foi maior do que aquelas com alunos menos satisfeitos. Nos países analisados, a ansiedade dos alunos diminui quando o professor oferece ajuda individual durante a resolução de problemas. 

“É preciso procurar sempre cobrar dos estudantes atitudes, e não resultados. Cobrar dedicação, perseverança, e não um número absoluto no final, para que o aluno não tenha uma percepção de que aquele valor, a nota final, é o mais importante que se tem”, diz o médico e professor Celso Lopes de Souza, criador do Programa Semente, que desenvolve métodos para aprendizagem socioemocional. 

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“Estudos mostram que nem sempre as maiores notas resultam em profissionais mais bem sucedidos. A escola lida, sobretudo, com pessoas; é preciso e possível conciliar o conteúdo acadêmico com elementos do cotidiano”, conclui.

Problemas de saúde mental afetam estudantes de todas as faixas etárias - mas muitas vezes começam já na educação infantil. #Educação #GazetadoPovo

Publicado por Gazeta do Povo em Sábado, 11 de novembro de 2017