Estudantes conservadores relatam ofensas recebidas na universidade.| Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
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Diante de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pedidos de censura do PT em veículos de comunicação - a exemplo da Gazeta do Povo e Brasil Paralelo – estudantes com posicionamento conservador têm se manifestado nas universidades por conta das arbitrariedades jurídicas durante as eleições.

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A estudante de história da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Júlia de Castro, tem sofrido ameaças, xingamentos e ofensas no ambiente universitário por ser conservadora. Ela nunca havia manifestado suas opiniões e convicções por conta do medo de ser hostilizada pelos colegas. Contudo, em um site de alunos da universidade foi publicado, em um post anônimo, o posicionamento de direita da estudante.

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O post dizia: “Queria saber como essa tal de Júlia Bolsonaro tem coragem de estudar numa universidade federal e apoiar um homem igual a esse”. Após a publicação, a aluna começou a receber ameaças e ataques. E foi necessário fazer um boletim de ocorrência na delegacia de crimes digitais.

"Seus dias estão contados”, “ela não vai conseguir o diploma” e “quero saber como ela vai ter coragem de aparecer aqui de novo” são alguns dos ataques que Júlia tem recebido. “Pensar diferente em uma democracia se tornou crime”, declarou a estudante.

Como os semestres na faculdade foram alterados devido à pandemia, Júlia retornou as aulas no dia 14 de outubro, após as férias. Ela contou que foi acompanhada do noivo, da mãe e de um segurança com receio de uma possível agressão física. Segundo Júlia, com as aulas presenciais, os olhares maldosos e o constrangimento continuam. “Não me sinto a vontade, não me sinto bem, mas não posso deixar de ir [à faculdade]”, afirmou.

Já o estudante de direito da Universidade Federal Fluminense, João Daniel da Silva, contou que nunca escondeu seus posicionamentos desde o início da faculdade. Entretanto, por conta disso, começou a ter dificuldades e sofrer pressões dos colegas. João relatou que participava de um grupo de pesquisa na instituição, mas que quando declarou ser contra aborto e outras convicções, foi desligado do projeto.

“Agora, no período de eleições, está sendo bem crítico (…); o clima na faculdade ficou insustentável, tivemos diversos embates”, afirmou. Ele disse que há cartazes com “fora Bolsonaro” e também adesivos do Lula na instituição. Diante das dificuldades vividas na faculdade, ele destacou: “Não parar, não precipitar e não retroceder”.

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Segundo o estudante, a universidade não é um ambiente de política partidária, mas um lugar de convivências entre as diferentes ideias. “Os alunos que se sentem oprimidos por serem conservadores precisam criar coragem, ter força e resiliência de se posicionar, enfrentar, combater, sem medo de represálias, para conseguirmos vencer essa hegemonia da esquerda”, ressaltou.

Grupo estudantil critica censura do TSE  

Diante das arbitrariedades jurídicas, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) do Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB) publicou uma nota criticando o TSE pelo que eles consideram como censura. A entidade representa mais de 16 mil alunos. “O que vem acontecendo com a justiça eleitoral brasileira é um absurdo, partidos têm usado a justiça eleitoral como plataforma política, são mais de uma centena de ações e dezenas de pedidos de censura a perfis de redes sociais que se contrapõe às divergências ideológicas . Ainda, o grupo estudantil evidenciou que “o contraditório é base e fundamento da democracia, principalmente no período eleitoral, censurar a imprensa por não dizer o que um partido defende é um assassinato às liberdades”.

A entidade estudantil se posicionou destacando que não há como tratar com normalidade a “extrapolação por parte do Poder Judiciário”, sendo algo “incompatível com a democracia”. De acordo com a nota do DCE, o grupo de estudantes irá encaminhar ofícios às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para pedir esclarecimentos sobre os pedidos de censura do TSE. A ideia é pedir, também, a cooperação da Ordem dos Advogados do Brasil (conselho federal e DF) para agir na defesa da democracia.

O presidente do DCE do CEUB, Rafael Calixto, frisou que o movimento estudantil é apartidário. Mas “chegou um momento que ficou inviável não se posicionar”, disse. Com isso, devido às últimas decisões do TSE, o grupo de alunos decidiu se manifestar. “A gente acredita que a censura não tem lado, pode atingir a todos. Hoje é conveniente censurar a direita, mas amanhã, pode ser qualquer um”, destacou o aluno do curso de direito.

De acordo com Calixto, a nota gerou incômodo em alguns estudantes de esquerda que se manifestaram contrários a atitude do centro estudantil. “Noção passou LONGE viu DCE”, “Vocês passam vergonha demais!”, “Posicionamento vergonhoso e nojento, seria melhor optarem pelo silêncio” e “Deveriam ter vergonha de espalhar fake news” são alguns dos comentários na postagem da nota do DCE.

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“Não compactamos com nenhum tipo de censura dos jornalistas. E se cria uma narrativa que o TSE apenas está censurando fake news, o que não é verdade. Por que, primeiro, quem define o que é fake news? Segundo, o documentário da Brasil Paralelo foi censurado antes de ser publicado. Isso nos assusta”, frisou.