Milhares de pessoas, entre estudantes, professores e servidores estaduais participaram neste domingo (9), em Curitiba, de um protesto contra os governos federal e estadual. De acordo com estimativa da União Paranaense dos Estudantes (Upes), mais de 4 mil participantes se concentraram na Praça Santos Andrade, a partir das 15h. A Polícia Militar acompanhou o ato, inclusive com soldados à paisana, mas não fez estimativa de público.
Depois de falas de estudantes, professores e apoiadores em favor da unificação das mobilizações, por volta das 16h30 os participantes seguiram em caminhada pela Av. Marechal Deodoro e Rua Emiliano Perneta, onde foi feito um ato em ao Instituto de Educação do Paraná. De lá, seguiram até a Boca Maldita, onde, novamente, o microfone foi aberto para mensagens de apoio. O ato foi pacífico e se encerrou próximo às 18h sem nenhuma ocorrência de tumulto ou depredação por parte dos manifestantes. Um dos estudantes acabou sendo atropelado após um motorista furar o bloqueio para a passagem do grupo (leia mais abaixo).
Um dos temas principais era a Medida Provisória (MP) 746, que prevê mudanças no ensino médio. Os participantes também contestaram a proposta de suspender o reajuste dos servidores estaduais, encaminhada à Assembleia Legislativa pelo governador Beto Richa (PSDB), além da PEC 241 (que estabelecerá limites para os gastos públicos) e outras ações do governo federal.
Os manifestantes exibiam cartazes contra os governos Michel Temer (PMDB) e Beto Richa. O ato público foi organizado pela CWB Contra Temer, em conjunto com a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) e estudantes que ocupam colégios estaduais no Paraná. Em todo o estado são mais de 50 estabelecimentos ocupados, sendo 19 deles em Curitiba. Também participaram do ato estudantes de Almirante Tamandaré, Colombo, São José dos Pinhais, Piraquara e Cruzeiro do Oeste, no noroeste do estado. Entidades sindicais como a APP-Sindicato, Sismac, CSP-Conlutas e movimentos sociais também se mobilizaram para o protesto.
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Leia a matéria completaReforma do ensino médio
Segundo o presidente da Upes, Matheus dos Santos, a reforma do ensino médio é um dos alvos principais. “Nós somos contra a reforma da maneira como ela está sendo proposta, e as suas ênfases. Não adianta aumentar a carga horária para estudarmos as mesmas coisas. Tem que haver uma reforma para tornar a escola mais dinâmica, mais atraente para o estudante. E é preciso discutir essa reforma com quem vive a escola no dia a dia: professores estudantes e funcionários”, afirma.
“A reforma proposta é uma violência desnecessária pelo modelo imposto e pelo conteúdo proposto. É um modelo que desobriga o estado de suas tarefas de educação”, completa Fabiano Stoiev, secretário de organização do núcleo Curitiba-Norte da APP-Sindicato.
A MP 746 propõe, entre outras mudanças, a transformação da jornada diária de quatro horas para sete horas e a flexibilização da escolha das disciplinas. Caso isso ocorra, as alterações seriam realizadas gradualmente, a partir do fim da discussão do currículo comum das escolas, prevista para acabar em 2018 ou 2019.
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Apoio aos estudantes
O ato dos estudantes recebeu o apoio de outras entidades, como o Sinditest, que representa trabalhadores das instituições federais de ensino superior. “É uma luta unificada para a construção de uma greve geral”, diz a diretora do sindicato, Mariana Siqueira. “Os estudantes sabem que nós funcionários entraremos em greve, também como um movimento de apoio mútuo entre as classes. Não faz sentido querer aumentar carga horária, por exemplo, e limitar recursos”, diz Rodrigo Tomazini, servidor do Colégio Estadual do Paraná.
Rafael Furtado, professor e membro da diretoria do Sismac (Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba), critica a PEC 241, proposta pelo governo federal como forma de estabelecer limites para os gastos públicos. “Que tenha um teto para supersalários, que se regule a isenção fiscal das empresas. Por que tem que tirar sempre do trabalhador?”, diz.
Na convocação do ato público, que conta com a participação de movimentos sociais e entidades sindicais, também eram apontadas como pautas do protesto outras propostas do governo federal, como as reformas trabalhista e previdenciária, e privatizações.
Atropelamento
Durante a manifestação, um estudante ficou ferido após ser atropelado na esquina das ruas Marechal Deodoro e João Negrão. Alessandro Harfuche, que fazia parte da comissão de segurança da CWB Contra Temer, foi atingido por um veículo enquanto ajudava no bloqueio feito pelos manifestantes. O motorista não atendeu aos pedidos dos organizadores de esperar o ato passar. Encaminhado ao Hospital Evangélico, Alessandro foi submetido a exames com a suspeita de fratura nos dois braços.
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