Estudantes participaram na manhã desta quarta-feira (5) de uma manifestação contra a proposta de reforma do ensino médio anunciada pelo governo federal por meio da Medida Provisória (MP) 746 no último dia 22 de setembro. De acordo com os organizadores do ato, o evento chegou a contar com a participação de três mil manifestantes; já para a Polícia Militar havia cerca de 500 pessoas.
Com gritos de “Fora Temer”, os alunos percorreram o calçadão da rua XV de Novembro, acompanhados de professores e sindicalistas. Eles tinham o apoio do sindicato dos professores estaduais, a APP-Sindicato, e da União Nacional dos Estudantes (UNE). O grupo “CWB contra Temer” distribuiu panfletos criticando tanto a reforma do ensino médio como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que cria um teto para os gastos públicos. “Mas dá para fazer reforma [da educação] sem dinheiro?”, pergunta o folheto.
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VÍDEO: Veja como foi a manifestação
Este não é o primeiro protesto contra a MP 746. Além de passeatas de pequenos grupos pela cidade, desde a noite de segunda-feira (3), estudantes ocupam instalações de escolas. A mobilização começou pelo Colégio Padre Arnaldo Jansen, em São José dos Pinhais.
O texto da reforma do ensino médio ainda não foi aprovado pelo Congresso e, caso isso aconteça, as mudanças deverão ser feitas de forma gradual a partir do fim da discussão do currículo comum das escolas (a Base Nacional Comum Curricular), prevista para terminar em 2018 ou 2019. A Medida Provisória já recebeu mais de 500 emendas dos deputados e deverá ser votada em 120 dias.
Os principais pontos polêmicos da proposta do governo são a transformação da jornada diária de quatro horas para sete horas, ou seja, a implantação do ensino integral, e a flexibilização das matérias, que se traduz em permitir ao aluno que, a partir do segundo semestre da 2ª. série do ensino médio, escolha uma área do conhecimento para se aprofundar, entre cinco opções (chamadas de ênfases): Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Cursos Profissionais.
“A flexibilização promove a desvalorização do pensamento crítico ao retirar da grade obrigatória disciplinas como filosofia e sociologia, além de desrespeitar o Plano Nacional da Educação. O governo não pode fazer uma reforma desse tamanho sem discuti-la com quem será afetado. Queremos a reformulação do ensino médio, mas não desta forma, que representa um retrocesso”, aponta Matheus dos Santos.
Os alunos também se queixam da má qualidade do ensino e da falta de recursos para colocar em prática essas mudanças. “Quem aprova a medida ou nunca estudou em um colégio público ou não conhece a estrutura das escolas. Fiz um intercâmbio de um ano na França e [constatei] que o Brasil não tem a estrutura que [o ensino] do exterior tem para aplicar o mesmo formato de escola”, avalia a estudante Thaynara Carriel, de 17 anos.
Nesta terça-feira (4), a secretária de Estado da Educação do Paraná, Ana Seres, informou que nenhuma mudança será realizada no Paraná sem a aprovação da comunidade escolar. No próximo dia 13 de outubro serão realizados seminários em todos os núcleos de educação para analisar a proposta e receber contribuições de pais, alunos e professores.
Outras ocupações
A União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) afirma que o movimento contra a reforma do ensino médio teria ocupado 11 escolas no Paraná, mas os dados não foram confirmados pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).
Em entrevista coletiva nesta tarde (5), o porta-voz da UPES, Matheus dos Santos, informou que esse número compreenderia sete unidades em São José dos Pinhais – os colégios estaduais Padre Arnaldo Jansen, Costa Viana, Silveira da Mota, Elza Scherner Moro, Juscelino Kubitscheck, Afonso Pena e Herbert de Souza; uma em Curitiba – Escola Estadual Professor Teobaldo Kletemberg; uma em Fazenda do Rio Grande – Colégio Estadual Desembargador Cunha Pereira; uma em Maringá – Colégio Estadual Brasílio Itiberê; e uma em Ponta Grossa – Escola Estadual Ana Divanir Boratto. “O que nos deixa felizes é que estudantes que não têm contato com o movimento estudantil se espantaram com a MP e estão se organizando”, diz Santos.
Conforme a assessoria de imprensa da Seed, o governo tentará abrir diálogo com os manifestantes e, caso não seja possível, deve tentar uma reintegração de posse. Os envolvidos também deverão apresentar uma proposta de reposição das aulas perdidas.
Alunos protestam contra a reforma do ensino médio
Cerca de 300 estudantes fizeram uma manifestação em Curitiba nessa quarta-feira contra a proposta de reforma do ensino médio anunciado pelo MEC.
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