O questionário socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2004 continua rendendo dados e estatísticas. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), divulgou nesta quarta-feira (8) que o número de estudantes negros do ensino superior que trabalham é maior do que a média nacional. Mais especificamente, um percentual de 20,4% dos concluintes autodeclarados negros trabalham e contribuem com a família, enquanto a média brasileira é de 8,6%. Outro dado mostra que enquanto 60% dos ingressantes são sustentados pelas famílias, cerca de 40% dos negros têm esse privilégio, uma diferença de 20%.
Além disso, dos estudantes negros que estavam concluindo a graduação no ano passado, cerca de 32% trabalhavam em tempo integral. A média nacional é de 20,2%, o que dá uma diferença de 11,7%. No outro extremo, a diferença é ainda maior. Enquanto 40% da média nacional dos concluintes de graduação não exercem atividades remuneradas, cerca de 22% dos negros estão na mesma situação. Uma diferença de 18%.
Pobreza
O questionário socioeconômico do Enade 2004 mostra também que os negros estão entre os estudantes mais pobres do ensino superior. Enquanto 24,4% da média geral de ingressantes no nível superior estão na faixa mais pobre da população brasileira, os declarados negros chegam a 37,7% - uma diferença de mais de 13%. O mesmo acontece com os concluintes: 17,6% da média brasileira têm renda familiar de até 3 salários-mínimos, enquanto 27,7% dos negros ingressantes encontram-se nesta faixa, quase 10% de diferença.
A representação dos negros nos grupos divididos por faixa de renda vai diminuindo à medida que a renda aumenta. Dos concluintes negros, 52,7% têm renda familiar entre 3 e 10 salários mínimos. Na faixa de renda seguinte (de 10 a 20 salários mínimos), essa representação cai para 13,8 e depois diminui para 3,7 e 2,5, nas faixas de 20 a 30 salários mínimos e de mais de 30 salários mínimos.
O Enade 2004 avaliou estudantes matriculados nas seguintes áreas do conhecimento: Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Zootecnia.
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