A revolta contra as falhas ocorridas na prova do Enem 2010 (Exame Nacional do Ensino Médio) reuniu na tarde de ontem cerca de 400 estudantes curitibanos, a maioria de colégios particulares, para protestar no centro da cidade. A manifestação foi organizada a partir de redes sociais na internet e ocorreu em pleno feriado, após a primeira fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizada no domingo. Empunhando faixas com os dizeres "Errar uma vez é humano, errar duas vezes é Inep" e "Enem errado, Inep é culpado", os estudantes percorreram o calçadão da Rua XV em direção às escadarias do Prédio Histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade.
De acordo com um dos estudantes, Cidnei Baptista, a maioria dos alunos não foi diretamente afetada pelas falhas, mas resolveu participar em solidariedade aos colegas prejudicados. "É um protesto contra o descaso com o Enem, que prejudicou nossos colegas que estudaram o ano inteiro, como nós, e também contra a educação no Brasil". O estudante Franco Rovedo conta que os alunos não se intimidaram com a possibilidade de o feriado minguar o protesto. "Nós levamos isso a sério. Além disso, seria hipocrisia pedir mais respeito com a educação e matar aula para fazer o protesto. Fizemos hoje porque não tínhamos aula".
A estudante Marina Riedi Guilherme, que fez a prova amarela do Enem, "convocou" a mãe, Maira, que mora em Cascavel, para se juntar à manifestação em Curitiba. "Eu acho isso um absurdo. Nos esforçamos para que eles possam estudar e o governo realiza uma prova absurda como essa. Vim aqui porque não concordo com isso", afirmou a mãe. Marina tenta uma vaga em Medicina e está apreensiva, já que a nota do Enem vale 10% da nota final na UFPR. "Tem gente que acha que 10% é pouco, mas para mim, é muito".
Em São Paulo, cerca de 200 estudantes se reuniram na Avenida Paulista em um protesto pacífico contra os erros do Enem e o descaso com a educação pública. A expectativa da Polícia Militar era de que até mil estudantes se juntassem à passeata.