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Sonhou em fazer faculdade no exterior e acha que isso é coisa de rico? Pois uma das maiores universidades do planeta está oferecendo bolsas integrais a estudantes de qualquer parte do mundo. Yale, a principal rival de Harvard pelo título de melhor escola americana, anunciou que os estrangeiros concorrerão em igualdade de condições com os americanos ao apresentarem pedidos para entrar na universidade. E terão toda a ajuda financeira para estudar.

Estudantes de famílias com renda inferior a US$ 45 mil por ano — R$ 9.300 por mês — não precisam pagar o curso, têm transporte e hospedagem de graça e recebem ajuda de custo que pode chegar a US$ 18 mil por ano. Bem ao estilo americano, os estudantes são obrigados a contribuir com uma pequena parcela, cerca de US$ 6 mil, facilmente conseguidos com algum trabalho providenciado pela administração do campus. Isso vale para todos os candidatos selecionados para graduação, mestrado ou doutorado.

— Custa US$ 40 mil estudar em Yale por ano, mas a maioria dos estudantes estrangeiros não paga nada porque a família não tem renda — diz o presidente Richard Levin.

É um presente, mas nada desinteressado. Decidida a se tornar uma universidade global, Yale abre o campus para tentar inverter o crescente desinteresse de estudantes do mundo pelos Estados Unidos, o que em 2004 reduziu em 30% a entrada de estrangeiros em escolas americanas. A política do governo Bush e a paranóia com o terrorismo dificultam a obtenção de visto e afastam alunos.

Pós-graduação

Administradores e pesquisadores têm consciência que parte da riqueza do campus está na mistura de culturas, etnias e nacionalidades, algo fundamental para a formação dos alunos num mundo globalizado. O movimento de abertura de Yale já deu resultado e 17% dos 11 mil estudantes da universidade são estrangeiros — nas faculdades, a percentagem dos alunos de outros países chega a 10% e nos cursos de pós-graduação, a 25%.

— Não existem cotas, não temos limites. Com o aluno aceito, viabilizamos a questão financeira. Queremos fazer de Yale a escola de preferência dos estrangeiros — diz Levin.

As exigências de excelência nos estudos, porém, não mudaram. Yale é uma prestigiada e velha senhora de 300 anos, responsável pela educação de um terço dos líderes políticos e principais executivos americanos. Foi ela que inventou o grau de PHD e 91% de seus professores têm doutorado. Orgulha-se dos muitos prêmios Nobel que formou ou que freqüentam seus domínios. Também gosta de se vangloriar de ter oferecido, pela primeira vez no mundo, muitos dos cursos que se tonaram obrigatórios nas universidades, como os de saúde pública e artes.

Educou George Bush — pai e filho — assim como o Bill Clinton e a muito provável futura candidata à Casa Branca, Hillary Clinton. Rica, tem um patrimônio de US$ 12,7 bilhões, mas faz despesas extraordinárias. Seu orçamento anual é de US$ 1 bilhão — só na compra de livros gasta US$ 37,2 milhões/ano — mas as generosas doações de ex-alunos agradecidos permitem que viva com folga e elegância. Agora, por exemplo, são eles quem vão financiar o recém-criado programa que mandará os estudantes da graduação passar um semestre ou pelo menos um verão fora dos EUA, em universidades ou estágio.

— É uma exigência para a formação dos novos líderes globais — diz Levin.

— Já recebemos 725 ofertas para alunos de Yale. Em Londres, por exemplo, há 30 vagas em lugares tão distintos quanto a orquestra sinfônica e o Parlamento — emenda o reitor de Cursos de Graduação, Peter Salovey.

É um empurrão para sair da boa vida no campus. Cheia de prédios baixinhos, construídos num estilo gótico americano, cercado de verde, Yale parece ter saído das telas do cinema. Tem tudo que já vimos nos filmes, de sociedades secretas a times de futebol americano, romance entre alunos, festas, americanas de rabo de cavalo e pesquisadores com cara de gênio. O campus se mistura à cidadezinha de New Haven, a duas horas de Manhattan.

Nem sempre dá para aproveitar tudo o que a escola oferece: Verônica Santarosa, uma brasileira de 24 anos, diz que em Yale há uma concentração de pessoas brilhantes, mas que se estuda o tempo todo. É essa também a rotina de Mariana Prado, outra brasileira, de 27 anos. Ambas têm bolsas. Mariana é casada, faz mestrado na Escola de Direito e o marido, doutorado. Verônica, solteira, faz doutorado em economia.

Brasileira em Yale

Com a experiência de quem já passou pelo processo de seleção, elas dizem que nota alta é fundamental, mas toda atividade extracurricular é muito bem-vista.

— Nota boa é de 8 a 9 de média na faculdade. Se for 7, mas se já tiver ganho um prêmio ou escrito artigos, eles darão uma olhada cuidadosa no currículo — frisa Mariana.

Verônica mora no dormitório da escola. Basta cruzar uma espécie de praça e já está na sala. Filha de um professor de ginástica e de uma dona de jardim de infância, fez direito na USP e economia no Ibmec. Gostaria de dar aulas ou trabalhar numa instituição internacional. E tem certeza que a temporada em Yale renderá frutos. Já Mariana acha que é bom pesar prós e contras antes de se decidir.

— Depende dos objetivos na vida. Para mim, vale a pena.

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