Retirar do estudo o “status” de obrigação para transformá-lo em hábito não é das tarefas mais fáceis de serem realizadas pelos estudantes. Os benefícios alcançados por quem se empenha nesta missão, no entanto, são inúmeros e se refletem não apenas no boletim, mas em toda a vida escolar e profissional dos alunos.
Os especialistas são unânimes ao afirmar que, quanto antes o estudo extraclasse passar a fazer parte do dia a dia dos estudantes, mais fácil se torna para eles fazerem dele uma tarefa natural.
“Primeiro que a criança precisa de organização e de rotina para tudo (comer, dormir), e para estudar não é diferente. Os alunos que constroem essa rotina desde [os primeiros anos do ensino fundamental] chegam à adolescência com isto consolidado”, explica Mabel Cymbaluk, assistente psicopedagógica do Colégio Marista Paranaense.
Para os adolescentes e jovens que não têm o estudo diário como prática, a boa notícia é que há formas de se recuperar o “tempo perdido”, o que exigirá doses extras de disciplina.
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Tarefa de casa
A tradicional “lição de casa” é a principal ferramenta utilizada para incentivar os alunos a estudarem diariamente fora da escola.
A pedagoga Ana Karina Karam El Messane, professora da pós-graduação em Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia da FAE Centro Universitário, explica que ela permite ao aluno manter o contato com o conteúdo, memorizando-o e, mais do que isso, conectando-o ao seu cotidiano.
“O sucesso escolar também vai depender de algumas habilidades executivas, como planejar, avaliar, focalizar a atenção e manipular informações mentalmente. A tarefa de casa também contribui para desenvolver a organização pessoal e melhorar essas habilidades”, acrescenta.
Rede de apoio
Protagonista deste processo, o aluno não responde, sozinho, pelo sucesso de transformar o estudo em algo natural à sua rotina. À escola, por exemplo, cabe orientar os pais sobre como organizar a rotina de estudos do filho e direcionar as tarefas segundo a faixa etária e o conteúdo que a criança está vendo em sala de aula.
“O ideal é pensar na quantidade certa de lição para cada idade e que todas as tarefas sejam compostas por conteúdos que já tenham sido vistos em sala”, explica a psicopedagoga Danielle Gross de Freitas, mestre em Educação e sócia-proprietária do Espaço Mediação.
Aos pais, por sua vez, fica a tarefa de fazer com que a rotina de estudos diários seja realmente cumprida. Para isso, mais do que cobrar que o filho estude, a família precisa dar o exemplo.
“Os pais podem estimular os filhos fazendo atividades parecidas com as deles [como ler um livro ou organizar o orçamento doméstico]. Se a família está se divertindo enquanto a criança está no quarto, estudando, ela começa a ver isso como um castigo”, acrescenta Mabel.
Todas estas medidas contribuem para que os pequenos tenham condições de fazer do estudo um hábito, o que terá reflexos sobre toda sua vida escolar e profissional. Segundo Danielle, isso ocorre porque, por meio da organização interna que a rotina de estudos proporciona, o aluno consegue concluir etapas e elevar sua autoestima, o que faz com que se sinta confiante e crie expectativas cada vez maiores em relação ao próprio desempenho.