As ocupações nas escolas são motivo de comemoração e apoio? Para algumas entidades sim; para outras, não. A reforma do ensino médio deve ser feita o mais rápido possível, mesmo que por decreto? Algumas organizações batalham por isso e outras, pelo contrário, veem na medida uma tentativa do governo federal de gastar menos em educação e fazer negócios.
Esse universo tão heterogêneo das organizações da sociedade civil (OSCs) que atuam na área da educação foi alvo de um mapeamento inédito que acaba de ser publicado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação (Cenpec), ele mesmo uma entidade do setor.
Nele foram avaliados 100 programas de formação de professores da educação básica de 86 organizações diferentes, nos anos de 2014 e 2015, que atendem 165,6 mil professores por ano, a maior parte deles, 83%, de escolas públicas. Tendo em conta que existem muitas mais organizações e 2 milhões de professores no Brasil, o levantamento representa apenas uma pequena parcela do todo, mas já apresenta alguns dados interessantes.
O primeiro deles é a análise das fontes dos recursos financeiros disponíveis dessas entidades. As mais citadas pelas organizações em 2015 foram os grupos empresariais. Das 119 fontes listadas que representaram mais de 20% dos recursos disponíveis, 33 eram de empresas e 23 de doações de fundações ou investidores sociais privados. Subvenções, convênios e parcerias com o setor público aparecem em terceiro lugar, sendo as principais fontes de financiamento para 15 instituições. Os orçamentos anuais variam muito entre elas, de menos de R$ 500 mil para mais de R$ 20 milhões.
O levantamento destacou também a resistência de universidades em relação ao trabalho realizado pelas OSCs, principalmente pelo desconhecimento de práticas não reconhecidas por pesquisadores
O estudo expôs ainda a coexistência de cursos de formação de professores voltados para melhorar diretamente a atuação em sala de aula e a aprendizagem dos alunos aliados a outros destinados à abordagem de temas transversais, não incluídos no currículo escolar, como diversidade cultural e identidade de gênero.
O levantamento destacou também a resistência de universidades em relação ao trabalho realizado pelas OSCs, principalmente pelo desconhecimento de práticas não reconhecidas por pesquisadores. Ao mesmo tempo, identificou que algumas OSCs se fecham ao diálogo com especialistas de instituições de ensino superior no Brasil, desprezam o que é feito nas faculdades de educação e se fundamentam só em pesquisas e iniciativas internacionais.
Para Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec, apesar de o levantamento ser apenas uma primeira aproximação ao setor de OSCs, ele deve fundamentar outros estudos e fomentar o diálogo entre todos os que estão interessados em melhorar a educação no Brasil. “Há uma diversidade de atores nesse setor e cada um tem uma missão legítima na sociedade, ainda que com papéis políticos diferentes”, considera. “É preciso compreender o papel de cada um, em um debate democrático e sem polarizações, para que não haja ruptura no diálogo e seja possível, com a ajuda de todos, promover uma educação de qualidade para todos”.
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