A passagem internacional de um dos principais palestrantes da “Convenção Distrital de Solidariedade a Cuba”, que aconteceu na noite desta quinta-feira (6), no auditório da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), na Universidade de Brasília (UnB), foi paga pelo Ministério da Educação (MEC) e custou R$ 6.039,74 aos cofres públicos.
No evento, os organizadores, além de criticar a atuação política e econômica dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, se dedicaram a elogiar Cuba “em seu papel de protagonismo da luta anti-imperalista na América Latina e no mundo”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi lembrado com uma faixa e gritos de “Lula Livre”. Os presentes também fizeram manifestações de apoio ao governo do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
O voo foi pago para o Sr. Iván Porfírio Santos Victores, da Universidade Central de Las Villas (UCLV), que viajou de Santa Clara até Brasília, após intensa articulação dos organizadores junto ao Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da universidade. Também participaram do evento, militantes do PT, estudantes e autoridades da Embaixada de Cuba.
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“Nós reafirmamos que continuaremos fazendo resistência dentro da universidade para que consigamos manter as importantes relações de pesquisa e de intercâmbio com nossos companheiros e companheiras”, afirmou um participante do evento, enquanto se comentava a dificuldade para conseguir os voos junto ao MEC.
O embaixador de Cuba no Brasil, Sr. Rolando Gómez González, que ficou poucos minutos no local, criticou as novas sanções dos EUA proibindo viagens educacionais de norte-americanos e a ida de embarcações e aeronaves privadas à ilha, e disse que o plano de Donald Trump é o mesmo dos anos 1960. “Querem jogar as pessoas contra nosso povo”, disse.
Trump vem endurecendo a política em relação a Cuba desde que chegou à Casa Branca. Implementou uma lei que permite ações judiciais em tribunais americanos contra empresas e cidadãos estrangeiros que utilizem em Cuba bens confiscados no período da Revolução Cubana, reduziu drasticamente o pessoal diplomático e isola a Ilha em um embargo econômico e comercial cada vez mais forte.
Apoio à Venezuela
Após as palestras dos convidados e a exibição de um vídeo documentário produzido pelo Governo Cubano sobre a Campanha de Alfabetização no ano de 1961, Afonso Magalhães, que chegou a ser pré-candidato ao governo do DF pelo PT, construiu com os participantes duas moções que serão levadas à etapa nacional da Convenção de Solidariedade a Cuba: “Moção Contra o Bloqueio a Cuba” e “Moção de Apoio à Venezuela e contra o bloqueio imperialista e as tentativas de Golpe de Estado”.
Os textos serão aprovados em junho, quando o grupo se unirá a militantes de toda a América Latina no auditório do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, em Santos/SP.
Uma das participantes sugeriu uma emenda à Moção da Venezuela, repudiando a recepção pelo governo Bolsonaro das cartas credenciais da advogada María Teresa Belandria Expósito, nomeada representante da Venezuela no Brasil pelo autoproclamado governo de Juan Guaidó.
“Isso é um perigo, pois temos a Embaixada da Venezuela aqui. Não reconhecemos essa farsante e usurpadora”, disse.
O evento foi organizado pelo Centro de Estudos Brasil/Cuba da UnB, em parceria com a Diretoria da ADUnB.