Diferentemente do que ocorre na rede pública, cada escola particular tem suas próprias convicções, defende determinados valores e crenças. Por isso, os pais que desejam que seus filhos recebam uma formação que vá além do simples conteúdo precisam ter suas expectativas claras e comparar os valores da família com os ensinados na instituição a ser escolhida.
"Cada família tem suas crenças e a escola escolhida tem de ser coerente com esse pensamento. Ela tem que ver como a instituição trata essas questões e o que quer transmitir ao filho", explica a professora do curso de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e doutora em educação, Daniele Saheb. Segundo ela, a questão dos valores de uma escola é tão importante quanto a metodologia ou as práticas adotadas dentro de sala de aula.
A divisão entre escolas confessionais, vinculadas à alguma confissão religiosa, e não confessionais é uma das formas mais comuns de se diferenciar instituições privadas. A professora Maria Iolanda Fontana, coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), lembra que, embora as escolas confessionais falem sobre diversas religiões, sempre há uma com a qual a instituição se identifica e que predomina no dia a dia da escola, nas celebrações e símbolos. "Mesmo assim, o colégio não pode obrigar o aluno a seguir determinada fé", destaca.
O Colégio Medianeira, por exemplo, é católico, dirigido por sacerdotes jesuítas. O orientador religioso da escola, padre Ponciano Petri, explica que são ensinados valores cristãos, mas que há respeito e liberdade a manifestações de todas as crenças religiosas. "A nossa estratégia é principalmente humanista, nossa proposta é baseada nisso. Nós prezamos por formar um aluno justo, ético e compassivo que possa transformar a sociedade", diz Petri.
Pedagogia
Métodos de ensino variam entre modelos tradicionais e alternativos
O método pedagógico adotado em cada escola é outro aspecto que varia bastante de uma instituição para outra. Continuam sendo numerosas as escolas que optam pelo sistema tradicional, baseado em aulas explicativas e avaliações, e este modelo ainda tem grande procura, garantem educadores. "Muitas famílias preferem as escolas tradicionais, porque transmitem uma ideia de segurança, de que o aluno está aprendendo mais", avalia a professora Daniele Saheb, da PUCPR. Entre profissionais da educação, no entanto, é comum a percepção de crescimento no número de escolas que optam por sistemas alternativos. É o caso das instituições seguidoras da pedagogia Waldorf, que prevê pouco contato com novas tecnologias, privilegiando as artes, o contato com a natureza e o aproveitamento de materiais orgânicos, ou o chamado método montessoriano, com ênfase na independência e no desenvolvimento natural de habilidades físicas, psicológicas e sociais.