Ensino deve estimular a reflexão
Para o professor de História da América da Universidade Federal do Paraná, Carlos Lima, não basta contar aos alunos os fatos hitóricos, é preciso fazê-los refletir sobre o significado desses acontecimentos na vida atual e como eles transcorrerão. "Há um grande interesse por parte de crianças e adolescentes na história. Acredito que esse fenômeno esteja ligado à busca de identidade. Mas o simples ato de relatar a história talvez já não seja mais suficiente. É preciso introduzir novas formas de estudá-la que promovam a reflexão do aluno."Segundo Lima, essa nova visão da história já aparece em algumas provas de vestibular. "Há questões interdisciplinares, que exigem a ligação da história com outra matéria para dar a resposta. Acredito que esses testes têm evoluído mais rápido do que o ensino dos cursinhos."
Colombo não descobriu a América. Quase 500 anos antes chegaram por aqui os vikings e, um pouco antes de Colombo, os chineses. Essa afirmação pode ser um espanto para muitas pessoas que freqüentaram a escola há uns 20 ou 30 anos, mas a versão contada hoje é um tanto diferente: no dia 12 de outubro de 1.492, Cristóvão Colombo, navegante genovês, a mando do governo espanhol, desembarcou em uma ilha da América Central dando início à ocupação e colonização do novo continente pelos europeus. "Com a vinda de outros povos antes de Colombo, hoje já não se fala em descoberta para os alunos, mas sim em colonização e ocupação. Afinal, nada foi descoberto por acaso. Se de um lado os vikings chegaram antes, de outro a presença deles aqui nada mudou a ordem das coisas", explica o professor de História do Dom Bosco, Ari Herculano de Souza.
Para ele, há muito tempo a história deixou de ser um simples relato de fatos para ser uma reflexão sobre os mesmos. "Na época da ditadura essa reação não podia acontecer, já que isso significava o desmonte de idéias falsas. Hoje, em sala de aula, vejo alunos questionadores, que pensam a história de uma maneira mais aprofundada."
A chegada dos vikings está re-gistrada em ruínas de um vilarejo, de 1.010 d.C, deixadas na cidade de Terra Nova (Newfoundland), na costa do Canadá. Já a suspeita dos chineses se deve a um mapa achado há cerca de 10 anos em que o traçado da América aparece, dando a entender que os navegadores orientais teriam passado por aqui no século 15.
O material didático tenta seguir o ritmo das atualizações, mas nem sempre consegue. As escolas públicas escolhem os livros a partir do Guia do Livro Didático, do Ministério da Educação, que sugere opções que poderão ser pedidas gratuitamente pelas instituições. "Um dos critérios para a escolha de livros é a atualização, partindo do princípio básico do conhecimento em História de que uma verdade é provisória", explica o professor da disciplina, do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação, Fábio Luciano Iachtechen. O problema, segundo o professor, é que muitas vezes o livro faz a atualização histórica superficial, em que falta uma base em documentos e análise. Cabe então ao professor superar o livro didático, que é apenas um dos instrumentos, apresentando filmes, fotografias e relatos orais, e falar de novas descobertas de maneira mais completa.
De acordo com a gerente do Centro de Excelência em Educação Expoente, responsável pela elaboração do material didático da instituição, Marta Ubeda Miranda de Souza, nas escolas particulares a discussão analítica também é papel do professor. "Elas, de forma geral, também têm colaborado, dando o tempo e o incentivo necessário para a formação continuada do professor", afirma o professor do curso pré-vestibular da instituição, André Marcos de Paula e Silva. Segundo ele, os alunos também são incentivados a buscarem conhecimento além da sala de aula. "Isso é preciso já que os acontecimentos mais recentes, como o conflito entre Rússia e Geórgia, ainda não estão nos livros."