O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante o FNESP.| Foto: Shismenia / MEC

"O que o governo vai fazer por vocês? Nada, o governo não vai fazer nada. Vocês têm que se virar." Esse foi o início do discurso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, na manhã desta quinta-feira (26), durante a abertura do 21º Fórum Nacional do Ensino Superior (FNESP). A resposta foi direcionada ao presidente do Semesp, entidade que representa os donos de faculdades particulares, que o questionou minutos antes sobre qual é a política do governo para recuperar o Financiamento Estudantil (Fies).

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No evento, o ministro disse ainda que um dos principais problemas do Ministério da Educação (MEC) é "gastar uma fortuna com um grupo pequeno de pessoas" que são os professores das universidades federais.

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"Eu tenho que ir atrás da 'zebra mais gorda', que está na universidade federal trabalhando em regime de dedicação exclusiva para dar só 8 horas de aula por semana e ganhar R$ 15 mil, R$ 20 mil."

Com essa e outras críticas à baixa produtividade das universidades federais, o ministro pediu apoio do setor privado ao projeto Future-se.

"A gente precisa do apoio de vocês para o Future-se, que vai desafogar o ministério, e para um Fundeb correto. A atual proposta vai quebrar o governo e aí não vai haver financiamento para o setor privado", disse

"Pela primeira vez em cem anos, o País tem um liberal na Presidência e à frente do MEC. Aproveitem essa oportunidade, aproveitem que não ficamos criando problema para vender solução."

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Fies e novos cursos

Hermes Fonseca, presidente do Semesp, havia lançado o que chamou de "provocações". Ele questionou se o governo estudava a cobrança de mensalidade nas universidades públicas e se havia uma proposta para o Fies que, segundo ele, está falindo. "O governo não vai fazer nada por vocês. A pergunta é: o que vocês vão fazer por vocês mesmos?", devolveu o ministro.

"O Fies foi um crime do ponto de vista financeiro. Metade dos alunos financiados está inadimplente. É uma bomba que vai ter de ser desatada. Muitos de vocês aqui estão com esse problema nas mãos", disse o ministro.

O ministro, porém, defendeu afrouxar as regras de fiscalização e credenciamento para a abertura de novos cursos e faculdades privadas. Segundo ele, o mercado pode se autorregular e cobrou que o setor é quem deve apresentar a proposta de autorregulação para o MEC.

"Vamos dar liberdade e cobrar responsabilidade (das entidades de ensino privado). Quem pisar fora da linha, vai ter de lidar com o juiz Sérgio Moro (atual ministro da Justiça e da Segurança Pública)", disse.

"Inclusive, alguns de vocês já foram pegos", completou o ministro, rindo, em alusão à Lava Jato da Educação, anunciada para investigar supostas irregularidades em contratos do ministério, mas que até agora não teve nenhuma denúncia apresentada.

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Cor vermelha e Fundeb

Weintraub também criticou a cor do painel do evento, vermelha, e sugeriu à organização que mudasse o slogan ("Uma nova forma de pensar a educação"). "Tem de tirar educação e pôr ensino. A gente não tem de dar educação, mas sim ensino. Quem educa é a família", afirmou.

Em uma fala de 20 minutos, Weintraub também falou sobre a nova proposta que está sendo debatida para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), principal mecanismo de financiamento do ensino básico do País. O Congresso sugere aumentar a participação da União a esse fundo de 10% do valor total para 40%, o que foi rejeitado pelo MEC.

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