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A energia de sua casa foi cortada e a solução que o garoto encontrou foi a iluminiação do poste, em frente ao quarto da mãe | Reprodução
A energia de sua casa foi cortada e a solução que o garoto encontrou foi a iluminiação do poste, em frente ao quarto da mãe| Foto: Reprodução

A energia da casa foi cortada em maio, exatamente no mesmo período em que o estudante da rede estadual de Alagoas, Wellington José da Silva Leite, 16, havia iniciado a preparação para a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas).

Ainda assim, com o auxílio da luz do poste, posicionado perto da janela do quarto, ele conquistou duas medalhas na competição de 2018. Uma de ouro, na etapa estadual, e prata, na nacional.  

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A escola Onélia Campelo, onde ele cursou o 2º ano do ensino médio, fica na periferia de Maceió. Wellington Leite é filho de uma catadora de recicláveis e aponta a força da mãe e o apoio do professor como motivos da conquista. 

O horário noturno era o único livre para fazer as tarefas que levava para casa, após as aulas regulares e as de reforço.  

A força de vontade impressionou o professor e orientador José Lucyan Mendonça, 32, que começou a ensinar na escola em que Wellington estuda em 2018. A preparação teve início em março, com 25 alunos, e terminou com oito. As provas da olimpíada aconteceram em setembro.  

Ao todo foram mais de cem horas de estudos, das quais 78 de forma voluntária. Ele viu o potencial. "Foi muito gratificante ver essa evolução. Eu queria fazer algo para ajudá-lo porque é bom ver meu aluno crescer", afirma. 

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A noite era o único período que o estudante tinha para fazer as tarefas de matemáticaReprodução

Sem energia 

O professor foi conhecer de perto a realidade do aluno e descobriu que, para estudar em casa à noite, Wellington levava o material ao quarto da mãe, na parte de cima da casa, pois o cômodo recebia iluminação direta do poste na rua. "Ele estudava em cima da cama dela, que ficava próxima da janela".  

A energia foi cortada quando a mãe do estudante parou de pagar e contestou os valores junto à concessionária. 

A dívida se acumulou e chegou a cerca de R$ 1.500, que foi pago em dezembro por um grupo de voluntários, três meses após a Olimpíada, quando a história do aluno ganhou repercussão local.  

Com a ajuda do poste e também de velas, ele resolvia desafios matemáticos do 3º ano, que ainda não cursava. Wellington diz que a mãe foi importante neste período. "Ela sempre trabalhou para me dar educação boa".  

À esquerda, a mãe do estudante, Teresinha Medeiros Leite, e, à direita, seu professor, José Lucyan MendonçaReprodução

Teresinha Medeiros Leite, 48, que não sabe ler nem escrever, fala da conquista do filho como um prêmio à sua dedicação. "Ele sempre foi estudioso. Deixava de comer para fazer as tarefas. Eu fui catar reciclável para cuidar dele. Eu falava pra ele: 'Meu filho, eu não tenho estudo. Você vai ter'".  

No dia do resultado, foi ela que insistiu para que ele fosse rápido à lan house para acessar a internet e conferir a lista.  

Sonho

A história de Wellington inspirou os colegas da escola, que agora querem ter reforço escolar com ele. Devido à repercussão da conquista na OBMEP, a energia foi restabelecida e ele passou a receber roupas e cestas básicas.  

O medalhista começou em janeiro um curso de extensão no departamento de matemática na Ufal (Universidade Federal de Alagoas), já está inscrito no PIC (Programa de Iniciação Científica) da OBMEP e se prepara para voos mais altos. Quer ser cientista.  

O maior sonho é dar melhores condições de vida à mãe. "Nunca desista dos seus sonhos. Siga em frente e estude. Nada é empecilho para o estudo. É a base de tudo. Não importa o que você quer fazer, estudar é essencial", diz.  

Em todo o Brasil, 18 milhões de pessoas se inscreveram para a primeira fase das provas da OBMEP 2018, e 950 mil na segunda fase.  

Em Alagoas, 350.497 jovens participaram da competição, dos quais 168 mil da rede estadual. Na etapa nacional o estado conquistou 90 medalhas -77 bronzes, 12 pratas e 1 ouro- e 447 menções honrosas.

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