A tecnologia em sala de aula é mocinha ou vilã? Nenhuma das duas. Como qualquer ferramenta, tudo depende de como é utilizada. E, caso sejam capazes de ajudar a ensinar os alunos a pensar e a produzir ciência, as novas plataformas são muito bem-vindas. Mas a grande pergunta é: os professores estão preparados para educar os estudantes nesse novo cenário em sala de aula? Se não, como potencializá-los para isso?
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Esse e outros dilemas foram o pano de fundo do 1º Fórum Ler e Pensar, ciclo de palestras sobre “Conexões para uma educação transformadora”, realizado pelo Instituto GRPCOM, no último dia 30 de março, na Universidade Positivo, em Curitiba. O evento também teve como fim divulgar o projeto “Ler e Pensar”, que homenageia práticas inovadoras em sala de aula e está com inscrições abertas até o próximo dia 5 de abril.
Durante o ano de 2019, o projeto vai reconhecer e premiar 20 professores, que podem se inscrever para o projeto de Educomunicação, que visa fazer com que eles usem a mídia jornal dentro da sala de aula como instrumento pedagógico.
“Imaginar que a tecnologia substitui o processo de pensamento, de criação, de saber, é um grande equívoco”, afirmou João Alegria, gerente geral do Canal Futura, na mesa redonda sobre “Alfabetização midiática”, que contou também com a presença de Alexandre Sayad, da Unesco, e Mariana Ochs, da Google Inovators. “Como se a educação tivesse um final e você pudesse saltar algumas etapas usando um computador”, continuou.
“Essa questão da telecomunicação é sempre desafiadora, pois isso exige uma mudança de visão, da cultura pedagógica, pois é necessário deixar para trás toda a bagagem que já se aprendeu para abraçar o novo, o ‘duvidoso'”, insistiu João Alegria.
Para Ismar Soares, professor da USP e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais da Educomunicação, as escolas já estão se adaptando, também as públicas, par ao uso das novas tecnologias e da mídia em sala de aula. Mas, segundo ele, ainda falta dar muitos passos para que a educomunicação seja efetiva e eficaz, principalmente em relação ao treinamento de professores.
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“É necessário dar ao professor o mínimo de conhecimento, treinamento, principalmente quanto às mudanças tecnológicas”, concordou Camila Fattori, psicóloga e coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa CEDAC, em outra mesa redonda, sobre a implementação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Ao lado de Fattori e Verônica Cannatá, coordenadora e professora de Tecnologia Educacional da escola Dante Alighieri, Anna Penido, do Instituto Inspirare, ressaltou a importância de colocar em prática o novo currículo, cruzando-o com as novas tecnologias. “Somos muito bons em fazer documentos, mas o diabo mora na implementação”, brincou.
O evento também contou com a presença de Débora Garofalo, que esteve entre os dez melhores professores escolhidos pelo Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação, e José Motta Filho, que contou como transformou a sua forma de educar e hoje é gestor educacional, especialista em Principles of Technology, Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação e Consultor em Metodologias Ativas de Ensino, Inovação Educacional e Tecnologias Educacionais.
Ler e pensar
O Projeto Ler e Pensar é uma iniciativa do Instituto GRPCOM e da Gazeta do Povo que tem por objetivo incentivar a leitura e à cidadania. Criado em 1999, o Projeto já beneficiou milhares de professores e estudantes em dezenas de municípios paranaenses, por meio da mídia jornal e de sua proposta de educomunicação. Só em 2018 foram pouco mais de 2 mil professores atendidos e aproximadamente 71 mil alunos beneficiados, em 139 municípios do Estado.
“A tecnologia está aí para nos ajudar e também para construir uma sociedade melhor, sendo uma das premissas da Gazeta do Povo. Por isso, aos 100 anos, lutamos pela democracia e pela cidadania”, explicou na abertura do evento Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, diretora da Unidade Jornais do GRPCOM. O evento também contou com a presença de Ana Gabriela Simões Borges, superintendente do Instituto GRPCOM.