Diante de um público jovem, em sua grande maioria entre 18 e 21 anos e, predominantemente, branco, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) apresentou estratégias para combater o atual governo federal e para brecar a reforma da previdência, na tarde da última sexta-feira (5), na porta da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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O encontro, atividade integrante das Calouradas 2019, foi promovido pelo Coletivo RUA- Juventude Anticapitalista, que se diz lutar “por uma sociedade livre da exploração, do machismo, racismo e do preconceito anti-LGTBs ”. E estava previsto para ser realizado no auditório da instituição. Mas, na quinta-feira (4), a faculdade recebeu a visita do Ministério Público notificando que a realização do ato configuraria ato de improbidade administrativa. Por isso, o evento aconteceu na porta de entrada contando com aproximadamente 90 jovens estudantes recém ingressos na vida universitária.
Antes da chegada do deputado do PSOL, panfletos foram distribuídos explicando as finalidades do movimento estudantil que usa o bordão: “Juventude nas ruas contra a direita”. O encontro foi aberto por membros do RUA, entre eles Wesley Priscilia, pastor e estudante que lidera a Frente dos Evangélicos pelo Estado Democrático de Direito. Ele explicou a necessidade de “mudanças na linguagem” para recuperar o apoio que a esquerda perdeu nas últimas eleições. Também salientou a importância das pequenas igrejas instauradas nas comunidades pobres para a conscientização politica contra o governo.
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A fala de Marcelo Freixo durou aproximadamente 20 minutos. O deputado afirmou que o governo de Bolsonaro instaurou o medo e que, embora se declare “ antissistêmico”, colaborou para a destruição do Estado, já que “sempre apoiou Cabral, Pezão e Eduardo Paes”. Freixo não falou, ou talvez esqueceu, o apoio que o PT e a esquerda proporcionou ao MDB no Rio de Janeiro na última década.
O psolista ressaltou ainda: “O PSL não vai nos calar.” Ao referir-se ao deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), responsável por solicitar ao Ministério Público a suspensão do ato dentro da universidade. “Não consegue fazer nada e precisa desse tipo de aberração política”, disse. Já ao propor a autocrítica da esquerda, que, segundo ele, permitiu brechas para a eleição de presidente do candidato do PSL, afirmou: “Bolsonaro representa o esgoto do sistema, as piores práticas.”
O deputado afirmou aos calouros que adotou como estratégia de atuação parlamentar participar da Comissão de Segurança Pública com o objetivo de discutir direitos humanos naquela instância e, assim, combater a política bolsonarista. "Matar, prender e superlotar e privatizar os presídios”, disse Freixo ao descrever o que considera o projeto Anticrime levada a cabo pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Por fim, expôs aos jovens presentes seu ponto de vista sobre a Reforma da Previdência, que seria uma péssima lógica de Estado Mínimo, com o objetivo de impedir que as pessoas se aposentem com dignidade. Chamou os jovens a “apropriar-se do debate da previdência para ir a rua, para sentar num banco da esquina, para chamar as pessoas na porta do hospital, na Central do Brasil...” Propôs resumir em dez pontos didáticos os supostos "malefícios" da reforma da previdência a fim de explicar para as pessoas simples o projeto que denominou como “crime bárbaro.” Freixo criticou a mera “lacração da esquerda” e exigiu um projeto :"Não podemos ser infantis perante o fascismo”, afirmou a certa altura.
O ato também teve a participação da deputada estadual recém-eleita pelo PSOL Dani Monteiro e da cantora Bia Ferreira, que entoou o que chamou de hino de resistência que dizia no final: “Vamos derrubar esse governo.” Todos ressaltaram que o próximo ato deve ocorrer dentro da universidade.