A proximidade das eleições e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último 7 de abril, parecem ter aumentado o discurso ideológico de professores e alunos, em constantes atritos em sala de aula. Abaixo, nove flagrantes recentes divulgados nas redes sociais, e checados pela redação da Gazeta do Povo, de professores que se excederam no posicionamento político.
“Quero ver almofadinha coxinha levando pau”
Uma professora do curso de História da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afirmou em rede social, na última semana, que os estudantes que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff “serão cobrados com juros pela vida”. Em uma série de posts, a professora chama os alunos de “golpistas”, “grotescos e escrotos” e declara ter “ódio de classe”.
“Meu ódio é revolucionário e é ódio de classe, sim. Odeio burguês. E você, cuide-se para saber de que lado está” (...) Fascistas têm de morrer, um a um, e me inscrevo para essa missão”, declarou a docente, que é coordenadora do Laboratório de Estudos Feministas da UFPel.
“Quero ver almofadinha coxinha levando pau, patricinha quebrando a unha e a cara e quero arrebentar um fascista a pau”, acrescentou.
Horas complementares: visita ao acampamento pró-Lula
Alguns dias antes, uma professora do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) levou os alunos para visitarem o acampamento de manifestantes em defesa do ex-presidente Lula, em Curitiba.
De acordo com a docente, a intenção da atividade era proporcionar aos estudantes uma experiência da força e extensão dos movimentos sociais para que possam tirar suas impressões sobre “a maneira como [os manifestantes] estão lutando por aquilo que acreditam e como nós podemos auxiliar, como compreendemos o papel da universidade dentro desse contexto”.
“Tenho uma posição política, como muitos alunos têm. Mas não era uma aula com esse cunho, não havia nenhum conteúdo de formação política”, disse a professora.
Jair Bolsonaro
Na mesma semana, um professor de História em uma escola pública em Fortaleza (CE) foi filmado hostilizando alunos eleitores de Jair Bolsonaro e tentou fazê-los “mudar de ideia” sobre a posição política.
Durante a aula, o professor perguntou aos alunos quem pretendia votar em Jair Bolsonaro. Alguns estudantes responderam afirmativamente e então o professor afirmou ter um vídeo que os faria “mudarem de ideia”.
Em seguida, um jovem se opôs ao professor, que afirmou que o estudante seria vítima de mentiras de um “policial imbecil” ou “do pastorzinho vagabundo de sua igreja”.
De acordo com comentários na postagem, o professor teria dito que o aluno seria “o primeiro negro a morrer” se votasse em Jair Bolsonaro.
Aula sobre o “golpe”: 40% da nota
Também em abril, estudantes de Direito da UFPR afirmaram que um professor de Direito Internacional Privado teria determinado que um relatório sobre a aula inaugural do curso “o Golpe de 2016” iria compor 40% da nota da disciplina.
Após a repercussão negativa da proposta, o professor voltou atrás e a UFPR negou o fato. Os alunos, porém, guardaram os posts do grupo da sala no Facebook para confirmar o ocorrido.
Haddad na UFPR
No começo do mês, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad participou do evento “Pensando o Brasil”, na UFPR. O que deveria ser um debate não passou de uma série de discursos entre pessoas que têm o mesmo perfil político defendendo uma cultura universitária militante contra o “golpe”, o pensamento neoliberal, a meritocracia, a “opressão”, “aqueles que usam PowerPoint” - uma clara menção ao Ministério Público Federal em Curitiba - e assim por diante. Uma professora chegou a defender que alunos de mestrado não sejam mais obrigados a ler livros em inglês.
Defender o casamento é comparado a discurso de ódio
Uma dissertação de mestrado feita na Universidade Federal do Pará (UFPA) gerou controvérsia por analisar o casamento entre um homem e uma mulher como um “bem humano básico”.
O Diretório Central de Estudantes (DCE) da universidade publicou uma nota de repúdio ao trabalho, completo com a hashtag #AmarSemTemer.
De acordo com o diretório, a dissertação faria “uso indiscriminado e descontextualizado da produção teológica escrita no século XIII” para legitimar no meio acadêmico o “casamento heterossexual e a defesa de um único modelo de família”.
“Nenhuma referência bibliográfica e produção acadêmica alicerçada no ódio passará despercebida pelos grupos de resistência popular, nesta sociedade. Não mais. NINGUÉM VAI PODER NOS DIZER COMO AMAR!”, disse uma nota do DCE.
Outros três casos
Ainda nesse mês, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) queimaram a bandeira nacional e picharam no prédio do Ministério da Educação em Brasília a frase “Morte ao Presidente”. Um professor intimidou alunos ao comparar Bolsonaro a Hitler e uma professora da disciplina de Cálculo da UTFPR deu aula usando uma camiseta do MST e sugeriu aos alunos que visitassem o acampamento pró-Lula nas proximidades da Polícia Federal em Curitiba.
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