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"Conta Pra Mim"

Governo Bolsonaro vai distribuir livros e incentivar que pais leiam para seus filhos

Lançamento da campanha do MEC "Conta pra mim". (Foto: Gabriel Jabur / MEC)

Um programa para incentivar que as famílias leiam e contem histórias para as crianças foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (5). Por meio do “Conta Pra Mim”, o governo federal pretende que os pais auxiliem os filhos a melhorar a compreensão da leitura e da escrita, que os alunos consigam entender melhor o que escutam e passem a falar com mais desenvoltura e clareza.

De acordo com o MEC, as famílias de baixa renda são o foco do programa, mas as ações e técnicas de literacia familiar podem ser replicadas nas demais.

As famílias que participarem de oficinas de leitura - que devem ser organizadas em parceria com os municípios - também poderão receber livros infantis. Além disso, alunos dos 1.º 2º. anos do Ensino Fundamental das escolas públicas vão receber kits com ilustrações da Turma da Mônica.

Um guia também foi preparado pelo MEC para ajudar as famílias e está disponível no site alfabetizacao.mec.gov.br. Vídeos com dicas de como estimular a leitura também serão postados nesse site.

Com o “Conta Pra Mim”, os resultados esperados são que as crianças tenham maior facilidade no processo de alfabetização, melhorem o desempenho em leitura e também atinjam resultados melhores em testes internacionais, entre eles o PIRLS e o PISA, no qual os estudantes brasileiros ficaram nas últimas colocações em 2018.

O investimento em todas as estratégias que compõem o "Conta Pra Mim" será de R$ 45 milhões.

Conversar com as crianças ajuda a melhorar seu vocabulário, diz pesquisadora

A importância do estímulo à leitura e a formação de novos leitores são questões unânimes entre os especialistas. Uma delas é Catherine Snow, especialista em desenvolvimento da linguagem e pesquisadora da Harvard Graduate School of Education. Em passagem pelo Brasil, ela apresentou dicas sobre o tema em um evento realizado pelo Ministério da Educação, em Brasília, no fim de outubro.

A Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe) reuniu cerca de 50 especialistas do Brasil e do mundo. Eles participaram de 33 horas de debates em 28 palestras, sessões especiais e simpósios, cujo tema principal era: A Política Nacional de Alfabetização e o Estado da Arte das Pesquisas sobre Alfabetização, Literacia e Numeracia.

Confira abaixo a entrevista com Catherine Snow:

Conversar ajuda a criança a desenvolver uma linguagem mais robusta?

Catherine Snow: A única maneira para as crianças dominarem a linguagem é elas terem oportunidades de conversar com pessoas que conhecem o idioma melhor do que elas – principalmente pais e professores. A forma mais simples de garantir que o ambiente de desenvolvimento da linguagem seja mais rico é conversar sobre assuntos elevados. E é por isso que ler livros em voz alta para as crianças, seja quando elas ainda não podem ler, seja quando já estão sendo alfabetizadas, é uma ferramenta tão poderosa. Os livros introduzem assuntos, ideias e palavras que não surgiriam em conversas do dia a dia.

É possível usar técnicas para melhorar o vocabulário de leitores iniciantes?

Sem dúvida. Conversar sobre experiências passadas, dialogar sobre algum acontecimento diferente que vai se passar no futuro próximo, visitar novos lugares e conversar sobre o que viu... Conversações ricas são comuns na rotina de muitas famílias. As crianças que não contam com essas experiências em casa merecem a chance de tê-las na escola. A melhor técnica é fomentar conversações interessantes. O que inclui ouvir as crianças com atenção e responder detalhadamente a suas questões.

Quais as vantagens de uma criança com vocabulário mais amplo?

O vocabulário das crianças é um fator crucial para prever o desempenho no futuro, e o acesso a temas sobre assuntos abstratos, que estimulam o desenvolvimento de uma linguagem que é sintaticamente complexa e lexicalmente rica, está ligada ao desenvolvimento do vocabulário.

Como as crianças aprendem a ler?

Elas percebem que existe uma relação sistemática entre letras e sons. Algumas crianças fazem essa correlação com alguma facilidade, muitas vezes até mesmo sem instrução formal. Mas a maioria precisa que alguém explique os princípios do alfabeto, ensine que existe uma relação sistemática entre letras e sons, e organizem atividades que forneçam a quantidade suficiente de prática, a ponto de que o mapeamento de sons e letras se torne automático. Isso é crucial, mas precisa acontecer em conjunção com as oportunidades de desenvolver o vocabulário. Ou então elas terão aprendido como aplicar o alfabeto, mas não terão vocabulário suficiente para aplicá-lo na compreensão de conteúdo.

Quais são as principais ferramentas de ensino capazes de melhorar a capacidade linguística de estudantes mais velhos, que já chegaram ao ensino médio?

No caso do currículo americano, as principais ferramentas, em especial a leitura em voz alta de livros mais complexos, são úteis, mas longe de serem suficientes. Uma boa técnica adicional consiste em estimular os estudantes a escrever qual a utilidade prática dos conteúdos encontrados em outras disciplinas. É uma forma de melhorar o vocabulário, e ainda por cima estimular os alunos a estabelecer conexões entre diferentes conteúdos que estão aprendendo. Esses textos podem ser apresentados de forma visual em sala de aula, com palestras, demonstrações e debates.

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