O governo é muitas vezes visto como o grande equalizador da sociedade. Na educação, nada poderia estar mais longe da verdade. Na verdade, é quase impossível imaginar um aspecto da sociedade com maiores desigualdades do que as existentes no sistema educacional.
Uma vez que as crianças são mandadas para escolas administradas pelo governo com base no seu CEP, e os bairros são segregados com base em raça e perfil socioeconômico, as escolas públicas tradicionais se tornam altamente segregadas. Esse é um problema enorme, considerando a evidência científica que sugere que grupos mais abastados e com maior diversidade melhoram o desempenho dos alunos.
E, é claro, as famílias mais abastadas podem levar seus filhos a instituições públicas de educação básica de alta qualidade através da compra de moradias em regiões mais caras. Sabendo disso, as grandes lacunas de desempenho entre alunos negros e brancos não deveriam nos surpreender.
Uma vez que as crianças de famílias minoritárias vivem em moradias de preços mais baixos e as escolas administradas pelo governo são financiadas por meio de impostos sobre a propriedade, as crianças menos favorecidas recebem menos recursos educacionais a cada ano.
E, novamente, dado o crescente corpo de evidências – publicado em veículos como o Quarterly Journal of Economics – indicando que níveis mais altos de gastos educacionais levam a melhores resultados, não deveríamos nos surpreender com as grandes lacunas de desempenho entre negros e brancos.
Mas e as decisões judiciais com o objetivo de fornecer recursos educacionais adequados para todas as crianças?
Bons professores são promovidos para longe dos alunos que precisam mais deles
Isso ainda não resolve o problema. Por quê?
A qualidade do professor varia de um indivíduo para outro. E os professores são pagos com base em anos de experiência e não em níveis reais de qualidade. O resultado? Como os melhores professores não são recompensados com remuneração, eles são recompensados com um trabalho mais fácil. Os professores de mais alta qualidade se deslocam para as escolas com alunos que são relativamente fáceis de educar. Infelizmente, isso significa que os estudantes menos favorecidos estão presos com os piores professores. Obviamente, isso só serve para aumentar a desigualdade educacional.
Walter E. Williams : âà do interesse do sistema educacional deixar os jovens negros em instituições públicas fracassadasâ. #GazetadoPovo via #Educação
Publicado por Gazeta do Povo em Quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Uma maneira de reverter essa tendência é recompensar financeiramente os professores de alta qualidade que ficarem nas escolas que servem grupos demográficos menos favorecidos. Outra maneira seria oferecer bônus para os professores que melhorarem a aprendizagem dos alunos ao longo do tempo. No entanto, infelizmente, ambas as reformas provavelmente não abordarão o problema da desigualdade no sistema de escolas administradas pelo governo. Há alguns motivos para isso:
1. No sistema atual, os especialistas precisariam apresentar uma mensuração da qualidade do professor. A mensuração que atualmente é preferida pelo estado é a pontuação em testes padronizados, que não oferecem boas previsões de sucesso em longo prazo. Recompensar os professores com base nos resultados dos exames pode, na verdade, prejudicar os alunos que precisam de desenvolvimento de caráter. Crianças menos favorecidas provenientes de famílias monoparentais, ou famílias que não têm tempo para se concentrar no desenvolvimento comportamental, serão mais prejudicadas por essas políticas.
2. Para que tais reformas possam ser aprovadas – e persistam – os constituintes precisam de poder político. As famílias de baixa renda e de minorias são menos propensas a ter o poder político necessário para implementar programas específicos.
A melhor maneira de resolver a questão da desigualdade educacional é remover partes do sistema educacional do processo democrático. Repetidamente, a democracia provou fazer maravilhas para grupos politicamente poderosos, mas não para minorias com menor capital social.
A separação da Escola e do Estado
Como Milton Friedman e outros pesquisadores em educação – incluindo eu – apontaram, apesar de os governos poderem ter um incentivo para financiar escolas, não significa necessariamente que os governos devem operá-las.
Um sistema de escolha de escola privada – na forma de bolsas de crédito tributário, vouchers escolares ou contas de poupança educacional – proporcionaria às famílias de baixa renda uma oportunidade atualmente reservada para famílias de alta renda: a opção de frequentar uma escola privada que funciona melhor para seus filhos.
E um programa de escolha da escola privada universal beneficiaria as crianças menos favorecidas mais do que qualquer um, uma vez que uma grande quantidade de demanda educacional é necessária para atrair empresários da educação para abrir escolas de alta qualidade. Quando novas escolas privadas abrem, as pressões competitivas puxam os valores de mensalidades para baixo, e as escolhas dos pais levam os níveis de qualidade da escola para cima.
Uma vez que as famílias desfavorecidas não possuem uma quantidade significativa de riqueza, e as famílias ricas já têm acesso a escolas de alta qualidade, os programas de escolha de escolas privadas universais beneficiariam mais os estudantes menos favorecidos e, por sua vez, reverteriam as lacunas de desempenho entre negros e brancos.
A educação precisa aprender com o Uber //bit.ly/2z3M2Gf
Publicado por Ideias em Terça-feira, 12 de dezembro de 2017
*Corey DeAngelis é Associado de Doutorado Notório na Universidade do Arkansas
Publicado originalmente na Foundation For Economic Education.
Tradução: Andressa Muniz
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