A educação a distância (EAD) é a modalidade que mais cresce no país quando o assunto é ensino superior. Em 2014, o número de estudantes matriculados neste modelo de graduação passou de 1,3 milhão, montante 16% superior aos 1,15 milhão registrados em 2013. Voltando um pouco mais no calendário, o avanço é ainda mais significativo e atinge a marca dos 44,3% entre os anos de 2010 e 2014, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A graduação presencial, por sua vez, registrou aumento de 19% no número de matriculados no período, que somou 6,5 milhões em 2014.
A flexibilidade do modelo, que permite ao aluno adequar os horários e locais de estudo à sua rotina pessoal e/ou de trabalho, está entre os fatores que influenciam esta expansão.
Os cursos também costumam ter mensalidades com valores mais baixos do que as cobradas na graduação presencial, o que é outro atrativo para os estudantes. “Dados da Hoper [consultoria em educação] apontam que o valor médio da mensalidade presencial em 2015 era de R$ 755, contra os R$ 290 da EAD”, exemplifica Jacir Venturi, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR).
Oferta
Na outra ponta da cadeia, a expertise acumulada pelas instituições que oferecem cursos da modalidade e a expansão desta oferta para o interior do país também contribuem para a manutenção do crescimento da EAD.
“Desde 1996 [quando a EAD foi definida na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional] os profissionais e as instituições foram se aproximando, experimentando e capacitando para a produção e a oferta desta modalidade, que não era própria das universidades, e hoje percebemos o quanto ela já avançou. Já sabemos fazer, agora o desafio é fazer ainda melhor”, aponta a professora Rita Maria Lino Tarcia, diretora administrativa financeira da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e pesquisadora na área de educação mediada por tecnologias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Graduados
Mesmo com um crescimento porcentual de 31% entre 2010 e 2014, o número de alunos que concluem a graduação a distância ainda é bastante inferior ao de matriculados e somou 189,8 mil naquele último ano.
Assim como no modelo presencial, a evasão é apontada pelos especialistas como um dos principais motivos para esta diferença. Ela ocorre, por exemplo, devido à falta de condições do aluno para acompanhar ou pagar o curso, ou pelo desejo de mudar o foco da carreira.
“Há muitos alunos que desconhecem a modalidade e acham que o curso a distância é fácil, que vão conseguir acompanhá-lo sem o comprometimento necessário”, acrescenta Rita.
Venturi concorda e lembra que a EAD exige muita disciplina e organização. Segundo ele, o aluno precisa estudar, em média, 15 horas por semana para que possa acompanhar bem o curso.
Outro aspecto sobre o qual os estudantes precisam ter ciência é o de que a modalidade não favorece o networking, o que pode ter reflexos sobre a empregabilidade e os aspectos sociais relacionados à formação superior.